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Mercado

Semana de Moldes: Falta de matérias-primas está a travar sustentabilidade dos plásticos

“É uma dificuldade ter acesso a matérias-primas com origem renovável”, garantem participantes na conferência “INOV. AM – Inovação em fabricação aditiva”

A falta de matérias-primas recicladas e recicláveis em qualidade e quantidade suficiente nos mercados é um dos principais travões ao desenvolvimento da sustentabilidade na fileira dos plásticos, como foi afirmado durante a conferência “INOV. AM – Inovação em fabricação aditiva”, que decorreu na Marinha Grande, no âmbito da Semana de Moldes.

Um dos vetores de diferenciação dos materiais poliméricos [plásticos] é a sustentabilidade, mas é “uma dificuldade ter acesso a matérias-primas com origem renovável”, referiu o diretor comercial da VFPlas, Raul Pentieiros, durante a sessão, que decorreu na quarta-feira, dia 22, no Centimfe.

“Fala-se sempre na sustentabilidade, mas é muito mais fácil falar do que obter a matéria-prima. Muitas vezes os fornecedores dizem-nos que têm determinada matéria-prima que serve para tudo e mais alguma coisa e quando vamos à sua procura não existe em quantidade”, destacou.

O diretor de operações na LCR/Coblex, João Monteiro, depois de confirmar que a empresa “tem a mesma dificuldade”, salientou: “Muitas vezes, já nem é a questão de haver ou não preço, é de não haver quantidade disponível, seja no mercado nacional ou internacional”.

Por outro lado, no “mercado nacional fala-se muito na reciclagem – brada-se aos céus a reciclagem -, mas depois, na prática, ainda não está disseminada ou desenvolvida para as empresas uma fonte de acesso com garantias de qualidade dos materiais reciclados ou recicláveis”, adiantou João Monteiro.

O diretor comercial da VFplas acrescenta que “muitas vezes as matérias-primas não existem, porque ainda estão numa fase pouco depois do laboratório, e pode ser uma dificuldade encontrar-se uma muito interessante, com boas características, que resolve os desafios técnicos para a aplicação final, mas não há a suficiente no mercado”.

Para Raul Pentieiros, “a sustentabilidade tem começo, mas não se sabe como e onde vai acabar”. “Para reciclar, os polímeros têm de retornar a casa. Como se faz a recolha e quanto custa? Em tese, são recicláveis, mas são-no economicamente? Quem é que paga?”, pergunta, salientando: “É muito bonito dizer que é reciclável, sustentável, mas quando descemos à terra isso é mais difícil de cumprir”.

Na sua perspetiva, “o grande problema da reciclagem de termoplásticos está em criar circuitos de recolha e de triagem”, devido à sua grande diversidade no grande consumo, e que têm de ser separados por tipos para poderem ser reciclados.

“Não se pode pedir às pessoas que separem os plásticos, porque são todos recicláveis,” com aquele rigor, restando depositá-los misturados nos ecopontos. “Penso que vai acontecer uma diminuição do número de polímeros usados para permitir às empresas de recolha e triagem uma separação conveniente e viável”.

O diretor de operações na LCR/Coblex destaca, por outro lado, “o tópico dos reciclados e recicláveis fidedignos na sua origem, porque existem as questões legais”, sendo preciso cumprir o REACH [regulamento da União Europeia adotado para melhorar a proteção da saúde humana e do ambiente] e “estar com olho atento e vigilante” nas SVHC [lista de Substâncias que Suscitam Elevada Preocupação].

“Quando vamos procurar materiais reciclados, pigmentados ou não, com materiais ou metais pesados, ou com coisas do género contaminantes, cuja origem não conseguimos determinar ou não nos conseguem garantir, as quantidades disponíveis caem a pique, independentemente do preço”, refere João Monteiro.

Na sua opinião, pode ainda adicionar-se a questão dos “bios” à complexidade da sustentabilidade. “Isto porque, se se quiser apostar numa percentagem significativa de materiais de base bio, também existem quantidades muito limitadas e, nesse caso, apenas o mercado convencional consegue abastecer” as empresas, conclui.

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