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A Corda: É favor não vaiar o Presidente!

Este país não pára de me surpreender! O PS, o PSD e o CDS entenderam-se, chegaram a um acordo… e para quê?

Rui Costa, músico rui.costa@regiaodeleiria.pt

Este país não pára de me surpreender! O PS, o PSD e o CDS entenderam-se, chegaram a um acordo… e para quê? Para assinar um documento com o objectivo de pedir à população de Trás-os-Montes para não vaiar o Presidente durante a sua visita a uma feira medieval. Que ideia magnífica! Sempre adorei o conceito de reconstituição histórica e achei brilhante o convite à população para ser figurante numa encenação da Idade Média. O povo só teria de prestar vassalagem ao nobre que o visita, um “guião” bastante simples! Confesso que a reconstituição da Batalha de Aljubarrota me agrada mais porque enaltece os grandes feitos da nossa Nação, mas temos de ser realistas e olhar para todos os factos históricos da mesma forma. É possível que daqui a uns 200 anos os nossos descendentes tragam para o palco da história o grande roubo do BPN. Ironicamente o “nobre” que visitou a tal feira medieval seria uma das grandes figuras centrais, mas infelizmente não é nem será um Condestável D. Nuno Álvares Pereira, até porque nesta fase da nossa história não temos figuras que fiquem na nossa memória como grandes heróis ou grandes conquistadores. Por isso não irá ser fácil convencer a população a entrar em grandes encenações históricas, talvez com a excepção do regicídio de D. Carlos I… desconfio que alguns cidadãos iriam gostar muito de (re)viver esse momento.

Penso que estará na altura dos nossos principais partidos políticos se lembrarem também de autores estrangeiros… Shakespeare, por exemplo! Convidavam La Féria para encenar um musical de Romeu e Julieta no Pavilhão Atlântico, onde o Presidente se sentiria em casa no papel de Romeu e o primeiro-ministro teria finalmente uma oportunidade de cantar, sendo a doce Julieta, só que seria uma adaptação da obra de Shakespeare em modo rewind, de trás para a frente. Assim, começava logo com o suicídio dos protagonistas… e pronto, não duraria mais de um minuto. Tenho a certeza que ninguém iria vaiar o Presidente… e todos nós seríamos felizes para sempre!

Rui Costa escreve de acordo com a antiga ortografia

(texto publicado a 21 de março de 2013)