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Crónica irregular: Angola, terra de paciência

Lembram-se dos primeiros hipermercados Continente? Imaginem agora os recentes hipermercados Kero, em Angola, quase sempre cheios.

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Pedro Costa, consultor de comunicação em Luanda, Angola

Lembram-se dos primeiros hipermercados Continente? Imaginem agora os recentes hipermercados Kero, em Angola, quase sempre cheios. Ora quem enche estas lojas não é nenhuma elite. É a numerosa e crescente classe média angolana. A mesma que enche as ruas de Luanda de milhões de automóveis, transformando o trânsito num paciente pára-arran­ca de duas horas para percorrer 15 quilómetros. Uma população que compra, diariamente, 1.600 telemóveis.

Angola saiu da guerra há dez anos. Portugal saiu da ditadura há quase 40. Angola tem feito um caminho impressionante de desenvolvimento. Alguma classe política portuguesa tem feito o que está à vista de todos…

Quando nós os “pulas” escutamos vozes em Portugal a referirem-se a Angola, percebemos a fibra de que é feita a paciência dos decisores angolanos. Um povo que aguardou e lutou pela independência, esperou pelo fim da guerra e conquistou a igualdade no acesso ao ensino, à saúde e ao mercado de trabalho.

Todas as semanas em Angola reencontro empresários de Leiria e amigos da adolescência. Que cá trabalham, como eu, bem acolhidos. Graças a uma Angola que tem suportado uns quantos a ingerirem-se em assuntos soberanos, esquecendo os seus telhados de vidro. Abençoada paciência.

(texto publicado na edição de 24 de outubro de 2013)