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Crónica irregular: De novo a vida

Primavera. Verde e certa! A narrativa da nossa vida faz-se de continuidade. De novo a vida, os finais felizes que todos perseguimos.

Sílvia Alves, escritora bruxinhadepapel@gmail.com

Primavera. Verde e certa! A narrativa da nossa vida faz-se de continuidade. De novo a vida, os finais felizes que todos perseguimos. “Diz-se, por aí, que as histórias que acabam bem estão fora de moda. Como se fosse possível ficar fora de moda o que é a própria vida! A vida não é feita só de tristezas e de nuvens, nem só de alegrias e de sol. A vida é tudo isso em conjunto”. Ilse Losa, nascida há cem anos, veio para Portugal fugida do pesadelo da Alemanha. Acolhemos muita gente. Afinal, quem somos? De novo as folhas a romperem. Nos caules novos é fácil, nos troncos velhos, difíceis, inesperadas, as folhas existem e são belas. Olhemos as folhas. O renascer com esperança. Que ingenuidade, dirão algumas almas. Sorte é ter alma e saber contar legumes nos mercados que descurámos por esse país adentro. Protestem. Digam não. Mudem o que for preciso. Riam-se com o novo papa. Expectem. Comprem jornais, em vez de lamentar que desapareçam. Precisamos deles, da reflexão funda. Novos tempos, novas ideias, novos rumos. Aqui, ou ali, não podemos parar. Precisamos do papel das palavras, de pessoas na vida de cada um. Estamos sozinhos e nunca somos sozinhos. Somos mãos e pensamento. Em cada lugar somos toda a gente que cruzamos. Para quem sorri, para quem partilha uma história, para quem recomeça, para quem nascerá amanhã. De novo a vida.

(texto publicado a 21 de março de 2013)