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Crónica irregular: Fatura, não obrigado

O episódio “Como Guardar os Ovos” do “Isto é Matemática” (ver YouTube) ajuda-nos a perceber a principal causa da crise que enfrentamos: muito lucro potencial → muito risco → catástrofe garantida.

Cláudio Tereso, técnico de informática claudio@claudiotereso.com

O episódio “Como Guardar os Ovos” do “Isto é Matemática” (ver YouTube) ajuda-nos a perceber a principal causa da crise que enfrentamos: muito lucro potencial → muito risco → catástrofe garantida.

Foi isso que aconteceu nos mercados financeiros: deslumbrados com os possíveis lucros, os jogadores, alguns sem saberem que o eram, apostaram em produtos sem pés para andar; o mercado, como era previsível, ruiu. Mas a casa nunca perde, o espetáculo tem de continuar e o fim de um jogo anuncia o início do seguinte: jogar com as dívidas de países descartáveis através do círculo vicioso do diminui o ranking/aumenta a taxa de juro.

A situação complicou-se para os países atacados. Foi preciso aumentar impostos para pagar este acréscimo desonesto da dívida, o que levou à queda de governos.

Aqui entra Passos, o nosso Chicago Boy, que desculpando-se com a necessidade de controlar a dívida, inicia o seu sonho de privatizar o país. Para o ajudar, é-nos destacado um psicopata de voz monocórdica que numa das raras vezes que alterou o tom foi para dizer “não fui eleito coisíssima nenhuma”.

É em nome desta inarrável narrativa que nos pedem sacrifícios. Pois bem, sacrifícios farei. Ao abrigo do art.º 21 da Constituição e inspirado pelas ideias de desobediência civil de Gene Sharp, sacrifico o meu empenho no bom funcionamento do país em nome de uma alternativa viável.

(texto publicado a 6 de junho de 2013)