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O meu diário: 2014

Desde de que me lembro nunca estive com tanta vontade de mudar de ano.

Helena-vasconcelos
Helena Vasconcelos, médica hml.vasconcelos@gmail.com

Desde de que me lembro nunca estive com tanta vontade de mudar de ano. Este que findou não prestou para nada. Não gostei dele do ponto de vista pessoal, familiar e ainda menos nacional, se pensarmos em Portugal como uma nação. Se é que é para mudar, e isto vale alguma coisa, vamos já acabar com ele. Talvez o que nos espera consiga ser pior mas a esperança de mudança ninguém nos pode tirar.

Nesta altura do ano costumo sempre fazer um rol de intenções/promessas do género: prometo fazer dieta, prometo calar a boca e não falar mal de ninguém, prometo lembrar-me sempre do aniversário dos meus amigos, etc. Este ano, como estou com a birra e não me apetece fracassar como todos os anos anteriores, não prometo coisa nenhuma. Se alguém tem de prometer algo é o 2014. Se quer ser relembrado como o ano de viragem é bom que comece a trabalhar desde o inicio. A dieta é promessa rejeitada e adiada e por vezes aceite aí umas 20 vezes por ano. Quem nasce com a sina de engordar nada tem mais a fazer do que viver com esta realidade. Temos de nos conformar como se de uma doença crónica se tratasse.

Esta coisa da divisão do tempo serve tão só para nos organizar as ideias e nos fazer pontos de ordem nas nossas cabeças, reflexões. Serve para dizermos de uma forma numérica quanto estamos velhos, há quanto tempo aturamos determinada pessoa, há quanto tempo trabalhamos e antigamente servia ainda para prever quando deixaríamos de trabalhar. Trabalhar tem de ser assumido tal como a engorda, como uma doença crónica sem resolução à vista.

Mudar de ano é visto como uma coisa maravilhosa quando não se gostou do anterior porque do ponto de vista mítico parece que pode ocorrer magia e nos vermos livres de tudo o que nos pesou no ano passado.

É altura de sacudir as más energias (quem acredita em tal) e esperar que cada dia e cada hora possam renovar maus ciclos e nos infundir de coisas maravilhosas. Sentiram? Este ano parece que vai fazer revelar a mulher esotérica que há dentro de mim. Fiquem atentos e um excelente 2014.

(texto publicado na edição de 2 de janeiro de 2014)