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Sociedade

Doces conventuais com sabor a chícharo? Sim, é possível

Os sabores da serra cruzaram-se com o doce dos bolos conventuais. O resultado são pastéis e queijadas de Tentúgal que têm uma particularidade: o recheio é feito com chícharo.

Os sabores da serra cruzaram-se com o doce dos bolos conventuais. O resultado são pastéis e queijadas de Tentúgal (doces típicos do concelho de Montemor-o-Velho, Coimbra), aparentemente iguais aos originais mas com um particularidade: o recheio é feito com chícharo.

Esta foi uma das principais novidades apresentadas no evento “Alvaiázere Capital do Chícharo”, fruto de uma parceria entre as Confraria da Doçaria Conventual de Tentúgal e a Confraria do Chícharo. “Houve um trabalho muito exaustivo para apurar o sabor correto”, nota o vice-presidente da confraria local, Francisco Agostinho Gomes.

“Temos de aceitar os desafios”, assume a Olga Cavaleiro, presidente da Confraria da Doçaria Conventual de Tentúgal e líder da Confederação Portuguesa de Confrarias. Foi a primeira vez que o pastel de Tentúgal foi reinventado com outros ingredientes, numa mistura de culturas que não é tão descabida como à primeira vista possa parecer.

“O senhor dono de Tentúgal era também dono de Alvaiázere. Ao olhar para a história, vemos que os territórios já se cruzaram no passado”, explica Olga Cavaleiro.

Mas como foi feito, afinal, o pastel de chícharo? A base é a mesma do pastel de Tentúgal – uma massa que resulta de um “saber fazer com quatro séculos”, descreve a presidente da confraria – mas o recheio mistura o tradicional doce de ovo com chícharo.

“Quisemos mostrar que é possível fazer coisas boas com produtos de todo o país. Sou uma acérrima defensora dos produtos endógenos e esta é uma maneira de explorar o trabalho em rede”, acrescenta a responsável.

A experiência correu tão bem que a confraria foi muito além do combinado inicialmente: além do pastel de Tentúgal, apresentou também queijadas e biscoitos com chícharo.


Vender fora do festival é o próximo objetivo

O desafio é, agora, comercializar os pastéis. Francisco Gomes não esconde a vontade de ver os os doces “nos quatro cantos do país”, mas admite que a maioria das experiências gastronómicas realizadas no âmbito do festival acabam por não chegar ao grande público.

Gelado, hambúrgueres, pão, azevias, licor, sangria e chocolate de chícharo são apenas algumas das experiências já testadas. Às quais, este ano, se juntaram pratos como húmus de chícharo, com sardinha braseada, whoopie pies de chícharo (proposta da Escola Tecnológica de Sicó) ou risoto de chícharo, pipocas de chícharo e fagitas de chícharo com salmão fumado (ideias do chef Albano Lourenço).

Se estes pratos não estão acessíveis no resto do ano, os pastéis de Tentúgal podem ser consumidos em qualquer altura. “Vamos fazer sempre que houver encomendas”, garante Olga Cavaleiro.

(Notícia publicada na edição de 19 de junho de 2014)

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