As pastelarias mais tradicionais de Lisboa, a cadeia El Corte Inglés, o Grupo Sonae e a marca Starbucks são todos clientes do Atelier do Doce, uma pequena empresa no concelho de Alcobaça que vai aumentar a capacidade de produção para fornecer três milhões de bolas de berlim no próximo ano.
Rui Marques e Catarina Saraiva (filha do fundador da pastelaria Saraiva, há 54 anos, em Alcobaça), marido e mulher, estão à frente de um negócio em crescimento acelerado que triplicou o número de postos de trabalho desde o ano passado e se prepara para iniciar um investimento de 500 mil euros.
Tudo começou em 2006, com o conceito de pastelaria de autor e bolos à medida. A adaptação de receitas conventuais aos dias de hoje permitiu chegar ao mercado com uma oferta diferente da concorrência e garantiu lugar nas mais antigas pastelarias de rua, sobretudo em Lisboa, onde o Atelier do Doce tem clientes como a Versalhes e a Garrett.
Dois anos depois, o primeiro grande impulso. O fornecimento diário da cadeia El Corte Inglés em Portugal implicou mudar para instalações maiores e empregar mais pessoas.
Mas o ponto de viragem no percurso da empresa está ligado ao sucesso das bolas de Berlim, que se tornaram produto campeão de vendas e transformaram o negócio. Existem em sete variedades – ovo, frutos silvestres, chocolate, maçã, leite condensado, morango e maçã com canela – e representam metade da faturação, à frente dos bolos de aniversário, do pastel de nata e dos tachinhos D. Abade, outras propostas do Atelier do Doce.
Depois do contrato com o Grupo Sonae, novas portas se abriram para a empresa do concelho de Alcobaça, que agora está também presente nos estabelecimentos Starbucks, em espaços comerciais do Aeroporto de Portugal e nas áreas de serviço.
“O nosso sonho, e estamos a trabalhar nisso, é poder continuar a servir estes clientes e começar a trabalhar com outros lá fora”, explica Rui Marques. “A razão da expansão da fábrica tem a ver com conseguirmos manter a nossa qualidade”.
Com os olhos postos na exportação, o Atelier do Doce vai somando bolas de berlim: 600 mil, entre janeiro e setembro. Por ali tanto se confecionam bolos em série como se assinam encomendas especiais, com ou sem influências do cake design, num processo que continua a depender da intervenção humana, embora auxiliado por alguns equipamentos automatizados. O volume de negócios já duplicou face ao período homólogo do ano passado, sinal de que a receita está certa.
E o segredo das famosas bolas de berlim, qual é? Há um segredo, mas não se pode revelar. O essencial repousa na repetição de parâmetros de acordo com uma fórmula específica desenvolvida internamente pela empresa, dos ingredientes ao tempo de produção.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>“Há muitas fábricas de pastelaria, mas especializadas em preço e quantidade. Nós damos mais atenção à qualidade”, afirma Catarina Saraiva.
Uma história do século passado
54 anos desde a fundação da pastelaria Saraiva, em Alcobaça, por António Saraiva, pai de Catarina Saraiva, que cresceu entre criações com açúcar, acumulou formação na área e hoje está à frente do Atelier do Doce, uma empresa que mantém o cariz familiar
30 trabalhadores garantem diariamente a produção do Atelier do Doce, um número que triplicou em função do crescimento do negócio
600 mil bolas de berlim produzidas entre janeiro e setembro
CG
(Notícia publicada na edição de 6 de novembro de 2014)