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Marinha Grande

Governo garante que verbas da venda de madeira vão para o Pinhal de Leiria e avisa que não vão chegar

Governante afirma compreender a frustração com a demora do processo de reflorestação mas recorda que o ritmo da natureza deve ser respeitado.

As verbas resultantes da venda da madeira que ardeu no Pinhal de Leiria serão totalmente canalizadas para fazer recuperar aquela mancha florestal e, tudo indica, não vão ser suficientes.

Esta tarde, na Marinha Grande, João Paulo Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, garantiu que o Governo mantém o compromisso de investir no Pinhal de Leiria todo o dinheiro que angariar na venda da madeira queimada.

Mas pelas contas do governante, os cerca de 16 milhões de euros já conseguidos, não vão chegar para pagar a fatura da recuperação.

“Há um compromisso do anterior governo, que este governo assume na íntegra, que é que todo o dinheiro que resultar do corte da madeira do Pinhal de Leiria será aqui investido”, adiantou o secretário de Estado.

Os compromissos já assumidos para a regeneração do Pinhal somam cerca de 9 milhões de euros, mas “nos próximos cinco ou seis anos vamos precisar de outros 9 milhões”, afirmou.

Essa perspetiva de investimento totaliza 18 milhões de euros, acima dos 15,88 milhões de euros já realizados, de acordo com os números do ICNF.

Todavia, sublinhou João Paulo Catarino, “não há qualquer questão sobre isso, há prioridade absoluta para a Mata Nacional [de Leiria], como não poderia deixar de ser”. 

Num relatório do Observatório Técnico Independente da Assembleia da República, sobre o Pinhal de Leiria, hoje tornado público, era reclamado precisamente que todas as verbas da venda de madeira fossem canalizadas para o investimento no Pinhal.

Era ainda recomendada a criação de uma nova estrutura de gestão daquela mancha florestal. Algo que, referiu João Paulo Catarino, “não é uma questão que esteja a ser equacionada”.

Na tarde de hoje, o secretário de Estado participou numa reunião do Observatório do Pinhal do Rei, que decorreu no Teatro Stephens, na Marinha Grande.

No encontro, Nuno Banza, presidente do ICNF, deu conta do ponto de situação dos trabalhos de recuperação da Mata Nacional de Leiria que, a 15 de outubro de 2017, foi consumida, em cerca de 86%, pelo fogo.

Dos 9.500 hectares consumidos pelas chamas, inicialmente foram “identificados cerca de 6 ml hectares com potencial para recuperar com recurso a regeneração natural”. Mas a “monitorização aponta já para mais cerca de dois mil a reflorestar”, revelou Nuno Banza.

Na prática, a arborização será o dobro do esperado inicialmente. Aos dois mil hectares que necessitam de arborização por falta de regeneração natural, somam-se outros dois mil hectares onde se concluiu, mais tarde, que a regeneração natural não seria suficiente.

Para já, estão executados 1.178 hectares de rearborização e até 2022 serão concretizados mais 1.344. A rearborização, no total, comtempla 3.970 hectares até 2024.

Entre as várias ações já realizadas, em curso ou já contratualizadas no Pinhal de Leiria, foram investidos 4,3 milhões de euros, apontando-se para 4,7 milhões de euros que serão gastos na recuperação do Pinhal a partir do próximo ano até 2024, referiu Nuno Banza.

Aos jornalistas, o secretário de Estado explicou que após 2024 deverá ser ainda investido um valor similar (cerca de 9 milhões de euros) no Pinhal.

Na reunião desta tarde, os elementos do Observatório do Pinhal do Rei chamaram a atenção do Governo e do ICNF para questões tão diversas como o impacto negativo da atividade de corte e transporte da madeira ardida na regeneração natural, a falta de recursos do instituto, bem como a lentidão no processo de recuperação do Pinhal.

João Paulo Catarino sublinhou que os recursos do ICNF estão a ser reforçados, e confessou compreender a frustração local, salientando, todavia, que é necessário respeitar o ritmo da natureza.

“Compreendo a frustração das pessoas, todos gostaríamos de voltar a ver o que tínhamos há três anos e um dia atrás, mas não é possível. Como a regeneração natural já nos veio provar, há um tempo que é o da natureza e que vamos respeitar”, frisou o governante.

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