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Executar o PRR exige “o envolvimento de todos os territórios”

Os prazos apertados definidos por Bruxelas obrigaram o Estado português a descentralizar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Região de Leiria tem agora de mostrar do que é capaz.

É preciso fazer o “trabalho de casa”. Por duas vezes, Isabel Damasceno, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, sublinhou esta ideia durante a sessão em que foi apresentado o plano de “Desenvolvimento da Região de Leiria – Ações Estratégicas 2030”, na passada terça-feira.

A estratégia para a região de Leiria está definida, mas falta identificar prioridades Foto: Joaquim Dâmaso

Elaborado sob orientação do Gabinete Económico e Social (GES), o documento estabelece as linhas estratégicas com que se vai coser o desenvolvimento da região. Cerca de 70 medidas, dentro de oito áreas de intervenção, podem a partir de agora começar a ser preparadas para beneficiarem dos instrumentos de financiamento previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e no Portugal 2030.

Porém, no caso do PRR, que é de “uma exigência brutal do ponto de vista temporal”, Isabel Damasceno deixou bem claro que “tem vantagens evidentes quem tiver o trabalho de casa feito”. Frisou que “se há coisa que não vai faltar ao país e à região nos próximos anos são verbas”, mas há que “ter projetos adiantados para poderem ser executados”. Esta é, aliás, uma das razões que levou à descentralização do PRR e onde reside “o segredo do sucesso” do plano, na opinião de Isabel Damasceno.

Com base no documento estratégico apresentado, compete agora aos atores regionais definir os projetos prioritários e em condições de serem elegíveis. Contudo, a antiga presidente da Câmara de Leiria não se coibiu de sugerir duas ações: afirmar Leiria, que “tem um défice de afirmação até mais nacional do que internacional”, e resolver a poluição das suiniculturas.

Gonçalo Lopes, na qualidade de presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, afirmou que o documento do GES “não é propriamente uma carta ao Pai Natal”, na medida em que “todas as ações estão bem alinhadas estrategicamente e representam a ambição dos atores do território”.

O autarca entende que agora “falta energizar” e foi claro quanto à necessidade de os vários líderes do território unirem esforços. “Seremos fortes se pensarmos em grande e pensarmos em conjunto, se a máquina funcionar bem oleadas vamos ter resultados evidentes na próxima década”.

Gonçalo Lopes pegou ainda no objetivo de “afirmar Leiria”, garantindo que a região vai estar atenta a injustiças no que à atribuição de verbas diz respeito. “Não podemos continuar a ser a região adiada”, declarou, acrescentando que a afirmação do território terá de assentar, não em argumentos políticos, mas nos indicadores de desenvolvimento. “Se conseguimos ser uma das melhores regiões em crise pandémica, se Leiria foi das capitais de distrito que melhor combateu a pandemia, se tivemos esta resiliência regional, imagine-se se tivéssemos um bocadinho de energia como outras regiões já tiveram”. Para Gonçalo Lopes esta “energia” – leia-se apoio do Estado – terá de vir se a região souber trabalhar em equipa e apostar em “ações muito realistas”.

Entre as ações identificadas como estratégicas para a região de Leiria, António Costa e Silva destacou a digitalização e a reconversão industrial. Para o presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, “a digitalização pode mudar tudo, é uma área em que podemos competir e competir de forma massiva” e com isso colocar o país “num patamar diferente”.

Quanto à reconversão industrial, entende-a como o caminho para devolver ao país a capacidade produtiva, nomeadamente em áreas em que, com a pandemia, tornaram evidente a “dependência brutal” a mercados como o asiático.

António Costa e Silva manifestou-se confiante quanto à capacidade de regiões como Leiria de tirarem partido das oportunidades geradas pelo dinheiro de Bruxelas. Um dos sinais que identifica como positivo vem do Politécnico de Leiria. “É talvez o mais importante do país no sentido na inovação tecnológica e da ligação às empresas e isso dá-me confiança de que seremos capazes de fazer alguma coisa” referiu.

Deixou, no entanto, o alerta de que a execução do PRR não será possível “sem o envolvimento de todos os territórios”. “Temos trabalhar de baixo para cima”, referiu e, tal como Isabel Damasceno, Costa e Silva vê na execução descentralizada um fator de sucesso e um meio de “garantir justiça na aplicação das verbas, territorializar o desenvolvimento e disseminar os polos de criação de riqueza”.

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