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Psoríase: Não é uma doença contagiosa e pode ser controlada

Estima-se que a psoríase afete cerca de 250 mil pessoas em Portugal. Embora não exista cura, tem tratamento e pode ser controlada, esclarece a dermatologista Felicidade Santiago.

Felicidade Santiago
Dermatologista
Leiria

Desfazer mitos

“A psoríase não tem cura, mas é uma doença que tem tratamento e que pode ser controlada. Não há confirmação científica que certos alimentos possam piorar ou melhorar de forma significativa a doença. A psoríase não é causada por falta de higiene, nem é uma doença contagiosa

O que é a psoríase?

A psoríase é uma doença crónica e inflamatória da pele que afeta 250 mil doentes em Portugal. É menos frequente em crianças, correspondendo a cerca de 4% de todas as doenças de pele em idade pediátrica. Além de atingir a pele, pode associar-se a várias comorbilidades, como a obesidade, ansiedade e depressão.

Que formas pode assumir a doença na infância e adolescência?

A forma mais frequente é a psoríase em placas, que corresponde a placas vermelhas com escamas espessas, prateadas ou brancas, preferencialmente nos cotovelos e joelhos, umbigo, couro cabeludo e costas. Outras formas de psoríase na criança é a psoríase gutata que se caracteriza pelo aparecimento súbito de lesões no tronco. Também pode haver atingimento das unhas, isolado ou a acompanhar a psoríase. Outras formas menos frequentes são a psoríase pustulosa, psoríase eritrodérmica e a psoríase com atingimento das articulações.

O que pode causar o seu aparecimento?

A psoríase é uma doença que resulta de um sistema imunitário desregulado, genes que tornam algumas pessoas mais suscetíveis ao desenvolvimento da doença, e um ambiente externo propício.

Que fatores de risco estão identificados?

Os “gatilhos” externos que podem contribuir para o aparecimento ou agravamento da psoríase são as infeções, o stress psicológico, certas medicações e o trauma físico. Outro fator de risco é a presença de familiares com a doença. Sabe-se que aproximadamente um terço dos doentes têm um familiar em primeiro grau com psoríase.

Que diferenças existem entre a psoríase na infância e na idade adulta?

A psoríase na infância pode estar localizada com mais frequência na cara, couro cabeludo, e região das fraldas. A variante gutata é mais observada nos jovens, ao contrário da psoríase articular que é mais no adulto. Por outro lado, a remissão espontânea da psoríase é mais frequente na criança que no adulto, sobretudo se associada a infeção.

Outra consequência importante é o impacto negativo na qualidade de vida que esta doença pode provocar no doente e na sua família, por diminuição da autoestima, vergonha em praticar desporto, má reação dos colegas que se podem afastar”

Como prevenir?

Não há uma forma eficaz de prevenção, mas caso surjam lesões sugestivas de psoríase, recomendamos que o doente procure ajude médica para esclarecer o seu quadro clínico. É fundamental o diagnóstico precoce e a sinalização das comorbilidades, com o objetivo de instituir um tratamento apropriado.

Que riscos podem decorrer das formas graves da doença?

Os casos graves de psoríase pediátrica podem estar associados a obesidade, e a outros componentes do síndrome metabólico (hipertensão arterial, diabetes e dislipidémia). Outra consequência importante é o impacto negativo na qualidade de vida que esta doença pode provocar no doente e na sua família, por diminuição da autoestima, vergonha em praticar desporto, má reação dos colegas que se podem afastar.

Que tratamentos existem para os jovens?

Na maioria dos casos a doença é leve, sendo a terapêutica tópica suficiente para o seu controlo. Os tópicos mais usados são os corticosteróides, os análogos da vitamina D e os inibidores da calcineurina. Os hidratantes e os queratolíticos também devem ser incluídos no tratamento. Para as crianças que apresentem casos mais graves, dispomos de fototerapia e/ou a terapêutica sistémica (comprimidos ou injeções). É essencial envolver a criança e familiares no tratamento, reforçar a importância da exposição solar e manter um estilo de vida saudável.

Artigo publicado originalmente na Revista da Saúde 2021, publicada com a edição de 22 de abril do REGIÃO DE LEIRIA e onde pode encontrar esclarecimentos de especialistas sobre outros temas

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