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SOS Ucrânia

Maksym Fedin: “Portugal é um país pequeno mas tem um enorme coração”

Maksym Fedin vive em Portugal há três anos e agora tem toda a família ao seu lado. Uma parte estava em Donetsk e outra em Carcóvia.

Vita Kravcova, Irina Stolyarenko, Zakhar Fedin, Maksym Fedin, Larisa Shepilova, Iryna Sharko, Maksym Sharko, Anastasia Stoliarenko e Muroslava Stoliarenko compõem esta grande família, que está a tentar recomeçar a vida em Leiria Joaquim Dâmaso

Já lá vão duas semanas desde a chegada da família de Maksym Fedin a Leiria. Foi numa caravana humanitária, no âmbito da campanha SOS Ucrânia, que Maksym partiu para a Tiszabecs, na Hungria, para resgatar a mãe, Irina Stolyarenco (58 anos), a namorada, Larisa Shepilova (35), e a cunhada, Anastasia Stoliarenko (24), com a respetiva filha Muroslava Stoliarenko, de dois anos.

A chegada aconteceu a 9 de março. No mesmo autocarro, veio a ex-mulher de Maksym, Alena Stepanova, com a filha de dois anos, que residem agora em Monte Real.

Esta parte da família estava em Sloviansk, Donetsk, enquanto a tia Vita Kravcova, de 60 anos, e a prima Iryna Sharko (31), com o filho Maksym Sharko (6), estavam em Izyum, Carcóvia. Vita, Iryna e Maksym chegaram a Leiria de avião. No total, são nove pessoas, com Maksym e o filho Zakhar, de 16 anos, que vivem agora em Monte Redondo.

É na sua casa que Maksym nos recebe no final da tarde de segunda-feira, e o sofá é pequeno para sentar todos. Enquanto a equipa do REGIÃO DE LEIRIA conversa com a família, com a ajuda da tradução de Nadiya Kuzma, os mais pequenos vão entrando e saindo.

Os adultos estão serenos, mas a mãe de Maksym não consegue evitar as lágrimas nos olhos quando se fala da guerra. Recordam o barulho das sirenes, a destruição e os bombardeamentos em Kramatorsk, cidade perto de Sloviansk.

Maksym explica que “vive-se sob muita tensão” em Donetsk: “uma parte da cidade é controlada por russos e outra por ucranianos. Há conflitos todos os dias”.

Em Izyum, Carcóvia, os avanços da Rússia têm resultado em muita destruição. Vita, tia de Maksym, mostra durante a conversa uma fotografia e um vídeo do prédio onde vivia, parcialmente destruído. O conteúdo foi enviado por vizinhos, que estão na Ucrânia, e deixou Vita transtornada. Conta que por lá “há muitas pessoas mortas [soldados ucranianos e civis]. Não se fazem funerais, são todos enterrados no mesmo sítio, porque são muitos”.

Todos os dias, a família vai acompanhando as notícias alusivas ao tema, mas cada vez que lêem algo ou vêem vídeos e fotografias, ficam piores.

Na Ucrânia, ficaram os restantes homens da família: o irmão de Maksym e um primo. Vita recorda que ficou sete dias sem falar com o filho. Entretanto já lhe respondeu e disse que “está bem”. Não tinha bateria no telemóvel e não o conseguia carregar, porque “não há luz”, assim como gás ou comida e medicamentos.

Os bens recolhidos em vários países não têm chegado lá, e o frio que se faz sentir na cidade não ajuda. Costumam estar cerca de 10 graus negativos, indica Maksym.

O ucraniano radicado em Portugal há cerca de três anos sente-se aliviado e feliz por ter a família perto. Foi Maksym quem arranjou casa para eles, mesmo ao lado da sua e é também ele que paga as duas rendas: despesa difícil de suportar com apenas um emprego.

Apesar das experiências vivenciadas, que demorarão muito tempo a ser apagadas, todos dizem sentir-se bem em Monte Redondo. Gostam do facto de ser uma zona sossegada, perto do pinhal.

Já com registo feito no SEF e número de segurança social atribuído, a família está à procura de trabalho. Na terra natal, Vita era engenheira química, a mãe de Maksym, contabilista, Iryna, bancária, e Larisa, talhante. Maksym trabalha como motorista.

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