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SOS Ucrânia

Confraria da Nazaré abre centro de acolhimento para refugiados no distrito

O protocolo prevê que a Confraria fique responsável pela acomodação, alimentação e cuidados aos refugiados.

Nas últimas semanas, 25 refugiados de Mariopol, Kiev e Lviv foram recebidos no centro Sara Vieira

Há camas para 26 refugiados da guerra na Ucrânia, entre as instalações do Centro Comunitário e do Hospital do Sítio, espaços da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré. A assinatura do protocolo entre o Instituto da Segurança Social e aquela instituição decorreu na segunda-feira, seguida da bênção do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, aos dois centros de acolhimento.

“Uma semana e meia depois de ter começado a guerra, sinalizámos a nossa disponibilidade à Segurança Social em acolher refugiados”, explicou o presidente da Mesa Administrativa da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, lembrando que a instituição tem recebido vários refugiados nos últimos anos.

Pouco tempo depois, foram criados e transformados dois espaços para dar abrigo aos refugiados provenientes da Ucrânia, ficando disponíveis 14 camas num dos pisos do hospital e 12 camas no Centro Comunitário.

“O papel destas casas é acolher estas pessoas, estabilizá-las e orientá-las”, frisou Nuno Batalha. “Embora haja uma lotação de 26 pessoas, a expectativa é que passem por aqui uns milhares, porque será um espaço temporário, não deverão estar aqui mais que um mês”, acrescentou o dirigente.

A Confraria foi, aliás, a primeira instituição escolhida no distrito de Leiria para ter um centro de acolhimento coletivo, lembrou o diretor do Centro Distrital de Leiria da Segurança Social. Segundo João Paulo Pedrosa, esta instituição “tem sido inexcedível nas parcerias com o Estado para desenvolver todo o tipo de respostas, sobretudo onde a atuação destas instituições é mais necessária”.

Nas últimas duas semanas e meia foram chegando à Nazaré os primeiros 25 refugiados, de cidades como Mariopol, Kiev e Lviv, acompanhados por três animais (dois cães e um rato). Nem todos são ucranianos, há também migrantes que tiveram de abandonar o país de leste.

O protocolo prevê que a Confraria fique responsável pela acomodação, alimentação e cuidados aos refugiados, recebendo uma contrapartida de 600 euros mensais por cada um dos alojados, caso as instalações se mantenham com a ocupação máxima. O valor será reajustado consoante a ocupação das instalações.

Antigos centros de saúde acolhem refugiados

Em Pombal, na freguesia do Carriço, os antigos Centros de Saúde da Fontinha e do Carriço foram transformados em habitações sociais para receber os refugiados ucranianos. Tudo começou com o apelo de uma família de ucranianos que residia na freguesia e entrou em contacto com a Junta de Freguesia.

A ideia de transformar o Centro de Saúde da Fontinha, que estava encerrado há cerca de seis anos e que tinha sido cedido à Associação de Silveirinha Pequena e Fontinha, partiu da Junta de Freguesia e teve a aprovação praticamente “automática” da Associação. “Foi uma decisão unânime entre todos os elementos da direção”, refere Isabel Simões, diretora da coletividade.

As obras de reabilitação foram realizadas numa semana, graças à ajuda da população que depressa se mostrou solidária com a iniciativa. “Manifestamos a necessidade de ajuda da população nas redes sociais e a colaboração acabou por ser automática”, conta Isabel Simões.

O edifício dispõe agora de quatro quartos, três casas de banho, uma cozinha, uma sala de estar e uma despensa, bem como de um terraço com churrasqueira. “A sala de enfermagem do centro de saúde foi convertida numa cozinha, que está totalmente equipada, e os consultórios médicos foram transformados em quartos com duas camas”, explica.

Neste momento, a casa acolhe nove refugiados, cinco mulheres e quatro crianças, incluindo um bebé de 18 meses, e encontra-se lotada. O primeiro grupo chegou no dia 9 e o segundo no dia 18. As motivações são as mesmas – “fugir da guerra” – no entanto, os objetivos são diferentes. “Enquanto o primeiro grupo quer regressar assim que a guerra terminar, o segundo grupo tem a intenção de ficar e já se encontra à procura de emprego na região”, revela Isabel Simões.

Neste “porto seguro”, os refugiados têm todas as comodidades necessárias e bens essenciais, cedidos pela população e empresas locais. Para além dos artigos de vestuário e higiene e dos produtos alimentares disponibilizados na casa, os hipermercados da região também aderiram e ofereceram um plafond de compras”, revela ainda Isabel Simões, que tem acompanhado o processo de acolhimento e acompanhamento destes deslocados.

Inspirados pelo sucesso da nova habitação social instalada no Centro de Saúde da Fontinha, a população do Carriço voltou a unir-se para converter o antigo Centro de Saúde do Carriço numa nova habitação que já está pronta para receber outros refugiados.

Com Sofia Santos Cardoso

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