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Saúde

Número de doentes referenciados para os institutos oncológicos vai aumentar, antevê estudo

Entidade Reguladora da Saúde confirma quebra na referenciação durante a pandemia.

O primeiro ano da pandemia de Covid-19 em Portugal provocou uma quebra acentuada na referenciação de doentes oncológicos pelos cuidados de saúde primários para os institutos de oncologia. Um estudo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) sobre o impacto da pandemia no acesso a cuidados de saúde de oncologia aponta para menos 3.000 casos referenciados face ao ano anterior, o que representa uma redução de 18,6%, que se seguiu à quebra de 9,9% verificada entre 2018 e 2019.

Já em 2021, há registo de 16.396 utentes encaminhados para primeira consulta nos institutos portugueses de oncologia (IPO), o que representa um aumento de 24,7% relativamente a 2020.

Segundo a ERS, a diminuição nas referenciações começou logo em março de 2020 e agravou-se em abril e maio. Seguiu-se alguma retoma da atividade no verão, mas voltou a descer com o início da segunda vaga de Covid-19, a partir de outubro.

Em 2020, os três IPO – Lisboa, Porto e Coimbra – realizaram 107.737 primeiras consultas médicas na presença do utente (menos 24% do que em 2019), e 155.575 em 2021 (mais 44% face a 2020).

A ERS considera ainda “expectável que, com o alívio da situação pandémica no país, se venham a verificar sucessivos aumentos no número de novos doentes referenciados”, o que “criará ainda mais pressão sobre os serviços que terão de dar resposta a uma entrada extraordinária de doentes”.

O estudo avaliou ainda o impacto da pandemia no acesso a meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) da doença oncológica, entre março de 2020 e dezembro de 2021, designadamente na rede de convenções do Serviço Nacional de Saúde (SNS), assim como aos rastreios de base populacional de cancros específicos e a cuidados de saúde nos IPO, ao nível das consultas, cirurgias e tratamentos.

Ao nível das cirurgias verificou ainda um decréscimo tanto a nível da doença oncológica (menos 7%) como não oncológica (menos 20,5%), assim como nas sessões de radioterapia (menos 6,2%).

A ERS emitiu uma recomendação às unidades de cuidados de saúde primários e hospitalares do SNS para que adotem medidas para adequar o funcionamento das suas organizações ao “escrupuloso cumprimento” dos tempos máximos de resposta garantidos (TMRG) legalmente definidos e registo de toda a informação necessária ao respetivo controlo.

O cancro é a segunda principal causa de morte na maioria dos países membros da UE, incluindo Portugal. Dos cerca de 4,6 milhões de óbitos registados em 2017 na UE, cerca de 26% deveram-se a doenças oncológicos.

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