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Cultura

Município das Caldas da Rainha corta com World Press Cartoon

Custos com concurso e exposição dedicados ao cartoon editorial, caricatura e desenho de humor – que se realiza nas Caldas da Rainha desde 2017 – davam para reabilitar o Museu António Duarte ou a Biblioteca Municipal, alega o presidente da câmara.

O World Press Cartoon vai deixar de se realizar nas Caldas da Rainha na sequência da reorientação dos investimentos municipais para a cultura, anunciou quarta-feira, 31 de agosto, o presidente da autarquia.

Numa nota divulgada ontem, Vítor Marques avança que o executivo “decidiu pela interrupção em 2023” da realização do Wold Press Cartoon (WPC), após “análise detalhada dos encargos e dos benefícios da sua realização em Caldas da Rainha”, onde acontece desde 2017.

As conclusões “não deixaram margem para outra decisão que não a da sua interrupção”, frisa o presidente da Câmara das Caldas da Rainha.

“Sem prejuízo do valor substantivo dos trabalhos de âmbito internacional que dão origem ao concurso e exposição”, nota Vítor Marques, o WPC é o “evento mais dispendioso deste município”, mesmo tendo em conta os contratos-programa existentes com o Teatro da Rainha ou o Centro Cultural e Congressos (CCC) ou, até, “os encargos com grandes equipamentos da autarquia, como seja o caso do Centro de Artes”.

O valor global despendido no evento “teria permitido a reabilitação integral do Museu António Duarte (encerrado há anos por não deter condições mínimas de abertura ao público), ou a reabilitação que urge realizar na Biblioteca Municipal, apenas para referir dois exemplos”, acrescenta o presidente da câmara.

Os números revelados no comunicado do município indicam que, entre 2017 e 2022, Caldas da Rainha investiu 1.164 milhão de euros no WPC, especificando que, por ano, são pagos ao promotor 180 mil euros, valor a que acrescem mais de 40 mil euros de IVA e acima de 11 mil euros de custos associados. Sendo a exposição de entrada livre, “o financiamento referido é inteiramente suportado pelo orçamento camarário”.

Para a edição de 2022, o atual executivo decidiu a redução do investimento da autarquia no salão dedicado ao cartoon editorial, caricatura e desenho de humor para 147 mil euros – o que inviabilizou a realização da habitual gala -, acompanhando esse corte com “um processo de avaliação do real interesse na sua continuidade”.

Dessa análise concluiu-se que “o argumento da valorização territorial através da publicidade associada à realização do WPC em Caldas da Rainha não se comprovou”, suportando-se essa constatação no número de visitantes à exposição, que teve um pico de 4.539 em 2019 e um mínimo de 1572 em 2018. Vítor Marques sublinha ainda que a maioria das entradas resulta de visitas de escolas locais e que essa contabilidade inclui “todos os espectadores do Grande Auditório do CCC, independentemente de serem visitantes dirigidos especificamente à exposição, ou de serem espectadores do Grande Auditório durante a permanência da mesma [exposição]”.

Na decisão do executivo pesa ainda o facto de o evento ser “um facto regular, mas isolado, não se repercutindo transversalmente no programa cultural da cidade”.

No momento da decisão de suspensão do apoio ao WPC, Vítor Marques reconhece que “o ambiente cultural de Caldas da Rainha tem uma estreita e longa relação com o humor e com a caricatura enquanto forma de expressão artística e de intervenção social e política”, prometendo uma alternativa para o próximo ano:

“O executivo camarário está estruturar para o ano de 2023 um evento inovador, de projeção nacional, ancorado na realidade local, que assente numa transversalidade de linguagens humorísticas e interventivas e que represente uma clara mais-valia para o programa cultural da cidade, e cujo encargo financeiro esteja ajustado à dimensão orçamental do pelouro da Cultura deste município”, conclui o presidente da câmara.

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