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Cultura

João Costa Ferreira: “Este desafio vai por à prova a minha capacidade de organização e de gestão”

O músico, natural de Leiria, é o novo diretor da Casa de Portugal – André de Gouveia. Mas considera “imperativo” conciliar as novas funções com a carreira de pianista.

João Costa Ferreira vive em França há vários anos

O pianista e investigador João Costa Ferreira, natural de Leiria, é o novo diretor da Casa de Portugal – André de Gouveia, inaugurada em 1967 pela Fundação Calouste Gulbenkian e uma das 43 casas do campus da Cidade internacional Universitária de Paris. Entre as novas responsabilidades, Costa Ferreira cuidará do acolhimento e acompanhamento de cerca de 170 estudantes universitários, assumindo ainda a programação da Sala Pessoa, um dos espaços da Casa de Portugal destinados à apresentação das culturas de língua portuguesa na capital francesa. João Costa Ferreira falou ao REGIÃO DE LEIRIA sobre o novo projeto que assume em França.

O que representa este desafio profissional?
Um choque abrupto no meu dia a dia. Este desafio vai por à prova a minha capacidade de organização e de gestão, exercícios que, não sendo propriamente novos para mim, não eram até aqui tão relevantes na minha vida profissional.

Que implicações terá esta nova função na sua vida como músico? Vai alterar alguma coisa nos planos previstos?
Tenho plena consciência de que esta nova função é muito exigente e implica um investimento muito significativo da minha parte. Mas, à semelhança com aquilo que aconteceu com as outras grandes mudanças que a minha vida foi tendo, sobretudo nos anos mais recentes, acredito que vou conseguir conciliar estas funções com a minha actividade de pianista. Consegui-lo é, para mim, imperativo. Creio que se trata da capacidade de se ir adaptando a novas circunstâncias.
Tenho vários projetos no horizonte: tenho concertos nos próximos meses, a publicação de uma obra de José Vianna da Motta e a gravação de um novo disco com obras inéditas do compositor. Lançarei, muito em breve, juntamente com o pianista Bruno Belthoise, um álbum com música de Florent Schmitt com texto narrado inspirado no conto Le Petit Elfe Ferme-l’œil de Hans Christian Andersen.

Especificamente na área da programação cultural, que ideias tem para desenvolver na Sala Pessoa?
A Casa de Portugal – André de Gouveia está inserida na Cité internationale universitaire de Paris cujos ideais fundadores, postulados no período entreguerras por André Honnorat, visam a construção de um mundo de paz e tolerância. Para além de ser uma residência universitária, a Casa de Portugal deve ser um espaço de convivência artística, cultural e científica, e deve estar aberta a uma expressão alargada da cultura que representa – a portuguesa – mas também as culturas lusófonas.
No que toca a programação cultural, uma das minhas primeiras missões será continuar a atrair parceiros e mecenas. É uma etapa muito importante para reforçar a programação da Casa e propor uma programação de qualidade. A programação será feita de forma a abranger todas as artes (música, dança, teatro, cinema, pintura, fotografia, etc.) e será, em parte, concebida como uma ferramenta de integração do público em geral. O fosso que existe entre a cultura considerada “elitista” e a cultura popular torna imperativo privilegiar a mediação cultural para guiar o público na descoberta das várias expressões artísticas através de uma linguagem simples, acessível e didática.

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