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Pombal

Um Pombal 2030 desenhado a várias mãos e que se quer mais verde, digital e empreendedor

Empresários e autarcas reuniram-se no Teatro-Cine de Pombal para discutir temas relacionados com a afirmação do concelho de Pombal. A Estratégia de Desenvolvimento Pombal 2030 foi o mote

Durante o último ano, o município de Pombal tem estado apostado na elaboração da Estratégia de Desenvolvimento Pombal 2030. Fizeram-se diagnósticos, organizaram-se oficinas e entrevistas e reuniram-se empresários, stakeholders, entidades municipais e supramunicipais. Com cerca de três mil contributos, há uma estratégia que dá passos firmes para ser implementada.

Até 2030, quer-se assim tornar Pombal mais coeso e inclusivo, mais resiliente e sustentável, mais competitivo e digital e também mais conectado ao território e às pessoas.

“Este plano definiu para Pombal, até 2030, a construção de um território de sustentabilidade, como sendo um território seguro, verde e resiliente, com elevados padrões de qualidade de vida e bem-estar, que seja apetecível, onde exista habitação e acesso a equipamentos e serviços de qualidade, e também um território que assuma a economia verde e a sustentabilidade empresarial na criação de um ecossistema dinâmico”, resumiu Cláudia Costa, do Gabinete de Desenvolvimento Sustentável e Felicidade do município, na conferência realizada na sexta-feira, dia 10, “Pombal 2030 Construir Futuro: afirmação e desenvolvimento do concelho”, no Teatro-Cine de Pombal, organizada pelo REGIÃO DE LEIRIA, com o alto patrocínio da Câmara Municipal de Pombal.

A finalidade, frisou, é atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU.

Atrair talentos e dinamizar a economia

A Estratégia de Desenvolvimento de Pombal 2030 compreende vários projetos, como a requalificação da zona industrial da Formiga, a beneficiação da Expocentro, a criação de um polo de inovação e conhecimento, em parceria com o Politécnico de Leiria, a construção do Parque de Ciência e Tecnologia de Pombal, o desenvolvimento de espaços de coworking e de um laboratório de fabricação digital.

A autarquia pretende ainda atrair talentos com a plataforma Pombal+Emprego, capacitar para o empreendedorismo e emprego, e facilitar o arrendamento comercial a empreendedores.

Para alcançar a transição digital, o município vai constituir o programa “Pombal, território digital”, que irá trabalhar na construção de um plano estratégico para “Pombal smartcity”, no acesso à internet em todo o território, no desenvolvimento de um comércio local mais digital e na aposta em ferramentas digitais de fomento à participação cívica.

O documento inclui ainda uma estratégia de captação, retenção e potenciação do investimento, que passa, entre outros projetos, pela criação de uma bolsa de terrenos e imóveis para atividades económicas, e da “Via Verde para o investimento estruturante”, que está em fase de teste e preconiza que todos os processos de natureza empresarial associados a novos empreendimentos tenham prioridade na análise por parte dos serviços técnicos, promovendo assim um “acompanhamento dedicado”, explicou Ana Isabel Marques, do gabinete de Apoio ao Investidor e ao Desenvolvimento Económico do município de Pombal.

Este mecanismo, acrescentou, vem impulsionar a economia local, dinamizando a recuperação económica; fomentar o investimento e a criação de emprego e contribuir para a diversificação do tecido empresarial do concelho.

A atribuição da classificação “Via Verde Investimento” tem por base a análise do tipo e relevância da intervenção, do volume do investimento, e da quantidade de postos de trabalho que vão ser criados. Quem se candidatar a este mecanismo, pode também beneficiar do apoio de fundos comunitários, explanou Ana Isabel Marques.

Pedro Pimpão, presidente da Câmara Municipal de Pombal, adiantou na conferência “Pombal 2030 Construir Futuro” que alguns destes projetos serão já concretizados em 2024. É o caso da criação de uma incubadora de empresas, para “apoiar os jovens na conceção de ideias disruptivas” e o “ecossistema de inovação e empreendedorismo” que existe no concelho. A intenção, sublinhou, é “fazer com que as ideias dos mais jovens possam ser concretizadas”, através da criação de uma incubadora de startups tecnológicas, que irá possibilitar “estar na linha da frente”.

Outra intervenção que irá ser levada a cabo em 2024 é a expansão do parque industrial Manuel da Mota acima dos 30 hectares, que é o “maior parque empresarial” do concelho (o processo está em fase de negociação). Será também ampliada a zona industrial da Guia, passando a ter 21 lotes com áreas entre cinco e seis mil metros quadrados; assim como a zona industrial da Pelariga. O objetivo é “atrair mais empresas para o território e criar condições para a atividade”, sendo o desenvolvimento económico o eixo principal do plano de ação da autarquia para 2030.

“Todos percebemos que o futuro do nosso território depende da capacidade que tenhamos, em conjunto, de criarmos riqueza, valor, emprego qualificado e que possa reter talento e contribuir para o futuro que queremos para a nossa região”, frisou o autarca.

Neste contexto, surge também o Guia do Investidor, um documento que responde “àquilo que são as exigências dos empresários” e que visa “aproximar os empresários do município”.
“As nossas unidades orgânicas têm que estar cada vez mais preparadas para responder em tempo àquilo que são as necessidades dos nossos empresários”, realçou.

Desafios e oportunidades do Centro 2030

Cláudia Costa relembrou que os projetos só poderão ser exequíveis “com o apoio dos financiamentos”, sendo que existem várias fontes de financiamento, como é o caso do Centro 2030, um programa alinhado com a estratégia Portugal 2030 e que mobiliza 2,1 milhões de euros, distribuídos por cinco objetivos: a criação de um Centro mais competitivo, mais verde, mais conectado, social e inclusivo e mais próximo.

Neusa Magalhães, secretária técnica do Programa Regional Centro 2030, explicou os apoios existentes e os projetos contemplados em cada um destes eixos e deixou uma recomendação aos empresários presentes no auditório do Teatro-Cine de Pombal: “quando apresentarem as vossas candidaturas, façam-no com base numa estratégia bem definida, num projeto bem conseguido, pensando nos custos que vão alocar aos vossos projetos, quer recursos humanos, quer materiais, quer financeiros. É importante dimensionarem bem os vossos projetos (…) não sejam demasiado ambiciosos”.

Uma visão a 10 municípios

No pacote financeiro de cerca de 105 milhões de euros disponível para os dez concelhos da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), Pombal apresenta projetos acima dos 13 milhões de euros, o que significa “um crescimento superior a 1 milhão de euros face ao quadro comunitário passado”. “O concelho de Pombal é o maior da região de Leiria em termos de área” e é “o segundo que recebe mais investimento” no que diz respeito à comparticipação de Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), em comparação com os outros nove municípios da CIMRL, explicou na conferência Paulo Santos, 1.º secretário executivo da CIMRL.

Mais de 20 milhões de euros do total do bolo atribuído à CIMRL são projetos intermunicipais, “desenvolvidos num contexto a 10”, permitindo a coesão territorial. Entre estes projetos está a criação, expansão ou modernização de micro e pequenas empresas, a criação de emprego e microempreendedorismo, bem como programas de apoio ao sucesso escolar.

Neste plano de ação a 10, existem 15 objetivos estratégicos que procuram “dar primazia à coesão social” – objetivo “que está por cumprir” -, a inovação e a competitividade, a resiliência territorial e a neutralidade carbónica. Cada concelho tem projetos concretos para estes objetivos, incluindo o de Pombal, que foi o que “apresentou mais projetos”, referiu Paulo Santos.

Segundo o 1.º secretário da CIMRL, a maior ambição da estratégia é conseguir “criar conectividade” e coesão no território. E Pombal “começou esse desafio, com o conceito da chamada cidade em 15 minutos. Conseguimos planear o nosso território de forma que todos os cidadãos, sobretudo na zona urbana, estejam a 15 minutos daquilo que são os principais serviços públicos, aquilo que tem a ver com as infraestruturas básicas da saúde, da educação, o parque verde”. A nível regional, a CIMRL está também a trabalhar para criar a “região a 45 minutos”, entre o espaço urbano e rural.

Cooperação entre empresas e associações

À semelhança do que acontece na startup Leiria, António Poças, presidente da Nerlei, apelou a Pedro Pimpão que também a startup de Pombal se juntasse à associação empresarial, porque “também as incubadoras precisam de escala”. “Acho que a região toda pode beneficiar se as várias startups possam estar associadas e trabalhar em conjunto”, frisou.

Para António Poças, colaborar e somar são palavras-chave no mundo empresarial, que contribuem para a dinamização económica e social da região. “A cooperação é um dos nossos referenciais de atuação, é uma prática que fazemos diariamente”, referiu, salientando que “o crescimento económico só é sustentável quando as empresas precisam da credibilidade para desenvolver a sua atividade, e a sociedade precisa de um tecido empresarial forte que crie empresa e riqueza”.

A Nerlei mantém relações de proximidade e cooperação com várias associações da região, como o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Cefamol, mas também com escolas profissionais, como a Escola Técnica e Artística de Pombal (ETAP).

Recentemente a Nerlei submeteu uma candidatura – atualmente aprovada -, em conjunto com o Politécnico de Leiria e a CIMRL, para o primeiro fundo de capital de risco no país, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que pretende apoiar o processo de capitalização das empresas.
Presente na conferência, Rui Ferreira, presidente do Portugal Ventures abordou a importância do capital de risco, que tem como objetivo intervir como uma fonte de capitalização primária das empresas, robustecer o capital próprio e fortalecer a autonomia das empresas, “o que é fantástico para negociar com a banca”.

Segundo Rui Ferreira, o capital de risco é um produto diverso, que traz um “conjunto de recursos”. “Casamos com as empresas com acordos de permanência de entrada e saída”, explicou, em jeito de analogia.

Inteligência emocional e capacidade de adaptação: as novas “competências do futuro”

“Se no passado a formação académica era suficiente para garantir uma carreira estável e bem-sucedida. Atualmente a realidade é completamente diferente”. As palavras são de Ana Elisa Santos, vogal do (Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que considera que “as habilidades técnicas estão a tornar-se obsoletas, com novas tecnologias emergindo a cada dia”, e “muitas funções estão a ser automatizadas, o que significa que nos precisamos de adaptar e desenvolver outras capacidades”. E que capacidades são essas?

Ana Elisa Santos, que também interveio na conferência “Pombal 2030 Construir Futuro”, no Teatro-Cine de Pombal, diz que a capacidade de adaptação e aprendizagem constante será uma competência “cada vez mais importante para os profissionais do futuro”, assim como a comunicação, o pensamento crítico, a interpretação e a capacidade de criar e inovar. “É seguro afirmar que os novos empregos que vão surgir, impulsionados pelo uso crescente da tecnologia em tarefas rotineiras, vão exigir ainda mais competências sociais, lógicas e comportamentais, que complementem as mais técnicas”.

A vogal do IEFP frisa que habilidades humanas como o pensamento crítico, a criatividade, a resolução de problemas complexos, a colaboração e a inteligência emocional são “habilidades difíceis de serem substituídas por máquinas”, e que se tornarão “cada vez mais importantes no mercado de trabalho, no futuro”.

Além disso, “as empresas pedem cada vez mais profissionais que possam lidar com mudanças e se adaptar aos desafios em constante evolução no mercado de trabalho”, frisa.

Por isso, acrescenta, é importante que os estabelecimentos de ensino e as instituições de formação profissional, bem como as empresas, “incorporem o desenvolvimento destas competências nos programas de formação profissional”. Trabalho que tem vindo a ser realizado pelo IEFP, que se tem debruçado também na aposta na aprendizagem ao longo da vida.

O direito a um emprego seguro e adaptável e o direito à educação, formação e aprendizagem ao longo da vida são dois princípios presentes na agenda para as novas competências da Europa e que Ana Elisa Santos considera paradigmáticos, sendo um dos eixos de atuação do IEFP, consolidado na realização de vários programas.

Ideias para construir futuro no concelho de Pombal

Os participantes da conferência em Pombal, que quase esgotaram o auditório onde o encontro decorreu, foram convidados a deixar uma ideia para construir futuro no concelho de Pombal. Aqui ficam algumas das ideias:

  • Criação de bolsa de executivos de topo internacionais, que já não se encontram em idade ativa, para partilhar conhecimento junto de empresas
  • Criar um hub de inovação social para capacitar, investir e apoiar projetos sociais
  • Conciliar a expansão industrial e empresarial do concelho com a necessária reorganização da rede de cuidados de saúde primários
  • Concentrar num só polo todas as iniciativas de índole tecnológica, através da criação do Centro Tecnológico de Pombal
  • Dar incentivos fiscais e habitacionais aos casais jovens
  • Incentivar empresas a irem a feiras internacionais, apoiando-as nos custos e no material necessário
  • Organizar uma feira local empresarial
  • Reforçar a ETAR municipal, produzindo energia
  • Apoiar ou criar um protocolo com comunidades estrangeiras, promovendo um canal que permita trazer mão de obra estrangeira para Pombal com regras e dignidade
  • Investimento geral nas periferias de Pombal
  • Atrair novas empresas do exterior
  • Desenvolver parcerias eficazes entre escolas e empresas, promovendo uma divulgação ativa dos objetivos e necessidades do concelho
  • Criar um corredor ecológico ao longo da ribeira do Vale
  • Arborizar as margens do Arunca com espécies adequadas
  • Continuar a arborização ao longo da EN1 e nas ruas de Pombal
  • Criação de um programa de reabilitação e recuperação de casas abandonadas
  • Estratégia concertada em políticas de habitação, apoio à natalidade, disponibilidade de infraestruturas educativas e sociais e políticas fiscais para a fixação dos recursos humanos
  • Maior rapidez nos processos camarários

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