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Coronel-comando Matos Gomes e a Geração “D”

Carlos Matos Gomes ficará, pois, como uma amostra relevante dessas massas de gentes insatisfeitas, de não terem conseguido, entretanto, trazer o céu para a Terra, num Portugal moderno e solidário.

Morreu no passado dia 13, em Lisboa, e “com músicas de Abril”, o Coronel-comando, Matos Gomes, que havia feito comissões militares em Angola, Moçambique e Guiné (Bissau): tendo nesta comandado, em 1973, uma Companhia de “Comandos”, no ataque da tropa portuguesa a uma base do PAIGC, situada além-fronteira, já na República do Senegal.

Posteriormente, integrou a célula do MFA, na Guiné. Regressado à Metrópole, penso ter comandado uma Companhia da “libertária” P.M., a seguir ao 25 de Abril. Com uma posição pouco clara em relação ao 25 de Novembro, após a passagem à reserva, dedicou-se mais à escrita e à investigação histórica, designadamente militar. Bom, fecundo e cáustico escritor, com uma saliente costela de Esquerda…

Um dos seus últimos livros “A Geração D” tenta ser o retrato, a seu ver, da malta da “Democracia, da Deserção, da Descolonização, das Doutrinas e do Doutrinar, da Discussão, da Dialética, do Desmitificar, do Desmobilizar, da Denúncia, da Desobediência, do Divórcio”. A Geração, afinal, a minha (ainda que, deste lado, com uns anos mais) que vive, asfixiada, no Regime autoritário de Salazar, sustenta a guerra de África, consegue a normalização democrática (1974/76) leva a efeito uma descolonização atabalhoada – para alguns com um sentimento mesmo de ablação nacional –, continua o processo da integração europeia, iniciado com a nossa participação na EFTA, completada nos anos 90 e passa a interagir com o mundo dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Tudo acompanhado duma pronunciada diminuição da taxa de natalidade das populações nativas e notória liberalização de costumes.

Carlos Matos Gomes ficará, pois, como uma amostra relevante dessas massas de gentes insatisfeitas, porque condicionadas, sonhadoras, com vitórias e algumas incoerências e as frustrações derradeiras de não terem conseguido, entretanto, trazer o céu para a Terra, num Portugal moderno e solidário.

Joaquim Heleno
Leiria

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