A associação Frente Unida – Por Monte Redondo, Coimbrão e Região promete lutar contra a ampliação de um aviário no concelho de Leiria e mobilizar a população para a defesa do seu bem-estar, disse hoje a porta-voz.
“Uma das lutas será a expansão do aviário. É, neste momento, aquilo que tem um peso maior na região de que estamos a falar”, afirmou Rita Silva à agência Lusa, referindo que a associação pretende continuar a defender a região “no que diz respeita à conservação da natureza e ao bem-estar e saúde da população”.
O projeto para ampliação do aviário da Quinta de D. Dinis, na União das Freguesias de Monte Redondo e Carreira, para uma produção anual estimada em 4,5 milhões de frangos, é da Meigal, do Grupo Lusiaves.
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) emitiu declaração de impacto ambiental (DIA) favorável condicionada à ampliação.
“Da avaliação efetuada, considera-se que, para a generalidade dos fatores ambientais, os impactes negativos resultantes das fases de construção, exploração e desativação serão pouco significativos e quase sempre reversíveis e/ou temporários”, lê-se na DIA.
A quinta é uma instalação avícola destinada à produção de frangos de engorda, que têm como destino os centros de abate da Lusiaves.
Atualmente, tem dois pavilhões avícolas de reduzidas dimensões (com capacidade para receber 39.622 frangos por ciclo) e o projeto visa a sua ampliação, com a construção de quatro pavilhões e ações de melhoramento e modernização dos dois existentes.
Rita Silva explicou que, “perante a posição da CCDRC”, a Frente Unida, inicialmente um movimento e agora associação, quer mostrar a sua força para “lutar pelo bem da região em conjunto”.
Ressalvando que a oposição à ampliação do aviário não será o único propósito, a porta-voz exemplificou que está em consulta pública a possibilidade de aumentar a área de exploração de caulinos.
“Iremos mobilizar e informar a população da mesma forma que fizemos em relação ao projeto da ampliação do aviário”, assegurou.
A Frente Unida, criada em junho e com sete sócios fundadores, quer “abrir portas para toda a população da região, de Monte Redondo, Coimbrão e todas as áreas envolventes que queiram” ajudar na conservação do território.
Entre as iniciativas que a associação quer desenvolver inclui-se, por exemplo, uma reunião com a CCDRC e uma audição na Comissão Parlamentar de Ambiente e Energia.
Num comunicado, a Frente Unida denunciou “graves irregularidades no processo e riscos significativos para a saúde pública, ambiente e segurança local”.
Segundo o comunicado, na fase de consulta pública, “foram recolhidas 2.415 assinaturas contra o projeto (1.063 manuscritas e 1.352 online) e submetidas mais de 500 participações individuais”.
“Contudo, estas assinaturas foram omitidas no parecer final da CCDRC, violando princípios de transparência e boa administração”, assinalaram, através do comunicado, lamentando, igualmente, que tenham sido desconsiderados “os pareceres da Câmara Municipal de Leiria, da associação ambiental Oikos e da Frente Unida”.
De acordo com o documento apresentado pela Meigal em fase de consulta pública, a propriedade está “distante de aglomerados populacionais, apresenta as dimensões adequadas à implantação das infraestruturas necessárias à produção avícola e uma morfologia de terreno plana, o que permite a movimentação de um baixo volume de terras e menor impacte ambiental”.
Apresenta também boas acessibilidades e permite um bom enquadramento paisagístico, pelo que “não foram consideradas alternativas à localização do projeto”, que prevê a criação de 10 postos de trabalho, acrescentou a empresa.