Há nove anos, Carlo Graujes alugou um apartamento T3 na Guimarota, por 230 euros. Natural de Coimbra, tinha o sonho de morar em Leiria, uma cidade pela qual se apaixonou logo na primeira visita. Hoje, a relação com Leiria está prestes a terminar e os preços dos imóveis são o principal responsável pela separação.
Após seis anos a viver na Guimarota, com a renda a aumentar 5 euros ao ano, Carlo viu o contrato não ser renovado e foi obrigado a mudar-se. Para conseguir pagar a renda num estúdio em Leiria, teve de vender quase tudo o que tinha. Em 2023, a vida deu mais uma volta de 180 graus: precisou de trazer a filha, na altura com 14 anos, para viver consigo em Leiria. Aí começou um período intenso de procura de casa.
Conta ao REGIÃO DE LEIRIA que percorreu todas as ruas da cidade em busca de imóveis, fez “mil e um” contactos. Uma atrás da outra, as propostas eram todas incomportáveis. “Pediam mil e tal euros por um T3, os senhorios de estúdios, quartos ou T0 não queriam celebrar contrato comigo, porque tinha uma filha”, recorda. Entre o leque de propostas mais caricatas que recebeu, destaca o caso de uma senhora no Bairro dos Anjos, que pedia 900 euros pela mensalidade de um T2, “alegando que era no centro da cidade, tinha dois quartos e uma garagem fechada, o que justificava o valor”.
Entre rendas altas e pouca oferta, encontrar um lar em Leiria é cada vez mais um luxo
Já há quem deixe Leiria por não ter onde morar. Auferir um salário mediano e pagar a casa é equação impossível para muitos leirienses. Rendas pedidas facilmente ultrapassam os mil euros.