O que começou como um sonho em 2020 é hoje certeza: a Torre (antes conhecida por Torre da Magueixa) tornou-se famosa pelas pinturas que refletem a(s) sua(s) história(s), figuras, vivências e cantares. Tornou-se a Aldeia Pintada, ideia inspirada e inspiradora que se fez associação e que tem crescido a cada ano, contribuindo para a autoestima de quem a habita e atraindo visitantes, curiosos com o muito que por lá se passa. A primeira pintura apareceu há cinco anos. A intenção era homenagear as pessoas da terra e dar a conhecer o lugar, num exercício de valorização da memória e da identidade local e para dar novo colorido a uma aldeia, como tantas, a ressentir-se das marcas do tempo.
Uma após outra, as pinturas foram surgindo nas paredes, muros e recantos (como as 32 cabras do Zé Vieira que “pastam” um pouco por todo o lado). Também outros sonhos foram ganhando forma, como a recriação da Serração da Velha, as histórias na Noites das Bruxas, o disco “O lugarinho da Torre”, a Música (e dança) na Eira e, mais recentemente, a Aldeia Pintada pelos Outros.
É muita coisa para uma aldeia com cerca de 500 habitantes, número que tem crescido nos últimos anos, pela vontade de regressar à terra e pela ambição de ganhar tempo e qualidade de vida. Quem sabe se o protagonismo que a Aldeia Pintada deu à Torre tem também quota-parte de responsabilidade…






A comprovar os méritos da Aldeia Pintada, está o reconhecimento. Primeiro, das gentes da terra, orgulhosas das raízes e do lugar. Depois, da opinião pública, que reconhece o mérito do que acontece na Torre. E, também, de instituições como a Direção-Geral das Artes, que em 2023 atribuiu um apoio ao projeto. Esse auxílio permitiu concretizar a ambição de ver na Torre artistas de fora.
O projeto Aldeia Pintada por Outros resultou em cinco novas pinturas criadas por Mantraste, Frio, Jaime Ferraz, Mariana Malhão e Hera.
Cinco anos volvidos, Diogo Monteiro, um dos responsáveis da associação Aldeia Pintada, tem o sentimento de dever cumprido. “Há uns anos sabíamos o que queríamos fazer, mas não sabíamos ainda muito bem como”.
Hoje, estabeleceram-se contactos com outras associações, conheceram pessoas, agregou-se conhecimento: há outra capacidade. Por isso, há ambição de ir mais longe. Como voltar a levar artistas em verdadeiras residências artísticas na aldeia, “a dormir, fazer refeições e trabalhar aqui”, explorando outras artes para além da pintura mural. Mas tudo a seu tempo e num ritmo muito próprio.
“Este é um projeto que levamos a sério, mas o facto de não estarmos nisto a 100% retira-nos peso e pressão”, sublinha Diogo. Como quem diz: a Torre quer continuar a respirar ao seu próprio ritmo.
Inês Catraia na eira este domingo
A Música na Eira está de regresso este domingo, dia 10 (19h) com a vocalista dos Catraia. Inês Bernardo canta na eira do Zé Ferreira a sua música inspirada na serenidade da vida no campo. Depois há jam session a aberta a todos os que se queiram juntar à festa. A entrada é livre.
