Entre os séculos XV e XVIII, cerca de 50 mil mulheres foram perseguidas e executadas na Europa, acusadas de feitiçaria. Idosas, viúvas, curandeiras ou camponesas, muitas eram vítimas por possuírem saberes ligados à terra, às ervas medicinais ou simplesmente por viverem fora do padrão de feminilidade aceite.
A companhia Bestiário presta-lhes homenagem em “Nós somos as netas de todas as bruxas que vocês não conseguiram queimar”, performance que chega a Leiria amanhã, sexta-feira, às 21h30, na igreja de São Pedro.
Com direção artística e dramaturgia de Teresa V. Vaz, parte de textos como Malleus Maleficarum, manual inquisitorial do séc. XV, ou O Apocalipse, de S. João, para recuperar memórias silenciadas e refletir sobre a condição feminina. “Muitas destas mulheres sabiam demasiado ou eram demasiado livres. A história apagou-as, mas o teatro devolve-lhes lugar”, sublinha a companhia.
Com interpretação de António Bollaño, Francisca Neves, Joana Petiz e Lia Vohlgemuth, a criação coloca questões intemporais: o que é ser mulher? O que é ser bruxa? e convida a pensar como o termo “bruxa” foi ressignificado pelas lutas feministas nos anos 60 e ganhou força na atualidade.
O espetáculo, que tem entrada livre e é para maiores de 14 anos, inclui uma cena final com participação da comunidade. A Bestiário abriu inscrições para 35 pessoas que vão participar hoje no ensaio e integrar a performance amanhã.