Música e criação contemporânea nas áreas da fotografia, literatura, poesia e pintura vão cruzar-se em diversos espaços de Alcobaça, até ao final do ano, no âmbito da programação do Cistermúsica Fronteiras.
O Fronteiras, incluído na temporada Cistermúsica dedicado à criação contemporânea, arranca no dia 11 de outubro com a Banda Sinfónica Portuguesa e o Quarteto Contratempus a apresentarem “Delícia de Morangos com Chantilly”, uma cantata cénica multimédia que “resulta de um libreto colaborativo entre homem (Edward Ayres d’Abreu) e tecnologia (em parte escrito pelo ChatGPT)”, divulgou a ABA – Banda de Alcobaça Associação de Artes, organizadora do festival.
A obra, para cinco solistas e orquestra de sopros, tem música do jovem compositor premiado Pedro Lima e será apresentada no Cine-Teatro de Alcobaça João D’Oliva Monteiro.
No dia 26 de outubro, o ensemble vocal Leida alia a criação contemporânea ao espaço acústico do Refeitório do Mosteiro de Alcobaça, utilizando salas com longa reverberação para apresentar o projeto que “pretende pensar o som e o espaço”, refere a mentora, Mariana Dionísio, citada num comunicado.
No que toca ao cruzamento da música com a literatura e a fotografia, um dos pontos altos da programação será a exposição-concerto “Reflexos de Macondo”, uma homenagem a “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez.
No evento, que terá lugar no dia 18, no Museu do Vinho, o fotógrafo colombiano Oscar Perfer apresenta retratos inspirados nas personagens intemporais do romance, expostos em larga escala na plateia. Ao piano, María José de Bustos interpretará obras de Schubert, Brahms, Debussy, Chopin e Ravel.
Ainda no espaço da literatura, o espetáculo “Sinédoque” revisita, no dia 22 de novembro, no Armazém das Artes, a obra de poetas portugueses como Alexandre O’Neill, Ruy Belo e Margarida Vale de Gato, para ouvir na voz do ator Ivo Canelas, acompanhado por João Vasco ao piano.
Já a pintura será evocada num concerto sinfónico dedicado a Amadeo de Souza-Cardoso, em que a Banda Sinfónica de Alcobaça interpreta a “Sinfonia Amadeo”, de Luís Carvalho, obra inspirada em seis quadros do pintor, num programa que celebra o modernismo português e que encerra a temporada do Cistermúsica 2025.
O ciclo presta ainda tributo ao saxofonista francês Jean-Marie Londeix (1932–2025) com o Quinteto Art’Ventus, sob direção de Alberto Roque. O concerto, a realizar no dia 8 de novembro, inclui a “Suite d’après Jean-Philippe Rameau”, uma obra de György Ligeti e uma estreia em Portugal do compositor canadiano Gary Kulesha.
Novembro termina com a Orquestra de Jazz do Hot Club de Portugal e programa “Impermanência(s)”, no cine-teatro.
Em dezembro, o Fronteiras leva a Alcobaça o Carlos Bica Quarteto (dia 5) e Mário Laginha a tocar Carlos Paredes (dia 6), numa homenagem por ocasião do centenário do guitarrista, apresentada em parceria com o novo espaço cultural de Alcobaça, o Panorama.
Organizado pela ABA – Banda de Alcobaça Associação de Artes, o Cistermúsica Fronteiras conta com o apoio da Direção-Geral das Artes e as parcerias do município de Alcobaça e da Museus e Monumentos de Portugal.
