O temporal acalmou esta sexta-feira no distrito de Leiria, mas os alertas da Proteção Civil resultantes da depressão Cláudia persistem até ao final do dia.
O aviso emitido para o distrito pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) passou do nível “laranja” para “amarelo”, a partir das 9 horas de hoje, mantendo-se este em vigor até às 21 horas.
Até ao momento foram registadas 199 ocorrências no distrito de Leiria, entre a tarde de quarta-feira, dia 12, a maioria relativa a inundações, movimentos de terras e queda de árvores e estruturas. No que toca ao dia de hoje, sexta-feira, foram reportadas em todo o distrito dez ocorrências.
O Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção (CSR) da Região de Leiria contabilizou nestes dois dias 116 ocorrências, entre as quais 50 inundações de estruturas e vias, 16 quedas de árvores, 12 limpezas de vias e sinalização de perigo, cinco movimentos de massas, três quedas de estruturas, dois desabamentos de estruturas edificadas e duas quedas de redes de fornecimento elétrico.
Dos dez concelhos da área do CSR, Leiria foi o concelho mais afetado, adiantou fonte do comando ao REGIÃO DE LEIRIA, referindo que o dispositivo de meios continua no distrito, como em todo o país, em “estado de prontidão especial nível 2 até segunda-feira”.
Já na área do CSR do Oeste, e segundo informação avançada pelo comandante Carlos Silva, foram contabilizadas, nos últimos dois dias, 83 ocorrências nos seis concelhos que pertencem ao distrito de Leiria: 44 em Alcobaça, 16 em Caldas da Rainha, sete em Óbidos, sete em Peniche, seis no Bombarral e três na Nazaré. A maioria das situações está relacionada com inundações em vias públicas, movimentos de terras e quedas de árvores.
Contabilizando toda a área do CSR do Oeste, que inclui ainda seis concelhos do distrito de Lisboa, o comando somou 170 ocorrências, desde quarta-feira, entre as quais 116 inundações.
Vias interditadas ou condicionadas
Entretanto, entre ontem, quinta-feira, e hoje, várias estradas foram interditadas, total ou parcialmente, ao trânsito devido a alagamentos de vias ou aluimentos de terra, tendo vários municípios e juntas de freguesia partilhado, através das suas redes sociais, diversas situações que obrigaram à intervenção da proteção civil, forças de segurança e serviços municipais.
Aproveitaram ainda esse meio para reforçar o apelo a um maior cuidado na estrada, à adoção de uma condução defensiva e de medidas de prevenção de inundações e fixação de estruturas.
Na Batalha, a estrada que liga a localidade de Costa, freguesia da Maceira, à Batalha, ficou condicionada, com circulação alternada, devido ao perigo resultante de um abatimento de terra numa das margens.


Em Leiria, o troço da rua Campos do Lis, entre Amor e Ortigosa, foi encerrado ao trânsito na quinta-feira à noite devido ao alagamento da via. Esta sexta-feira, a interdição foi extendida até à Serra do Porto de Urso, segundo informação partilhada pela União de Freguesias de Monte Real e Carvide.

Na União de Freguesias de Santo Eufémia e Boa Vista, a derrocada de um muro, na rua de Santo António, no lugar de Apariços, obrigou também ontem a interdição parcial da circulação automóvel, sendo o trânsito desviado para as ruas dos Rodrigues e do Padeiro.

A Junta de Freguesia de Carreira deu, por sua vez conta, do alagamento da rua das Faias, que ficou também intransitável, tendo pedido aos automobilistas precaução.

No concelho de Caldas da Rainha, a rua Poço da Pena, em Vidais, também esteve condicionada devido à enxurrada e aluimento de terras, alertou a Junta de Freguesia nas redes sociais ao final do dia de quinta-feira.


Já no concelho de Pombal, a Junta de Freguesia de Almagreira alertou para o corte de estradas entre as Estufas e os Reis e entre a capela de Lagares e a ponte sobre o rio Arunca.
O temporal registado ontem provocou ainda um deslocado em Pombal.

No concelho de Alcobaça, a Junta de Freguesia da Benedita informou ontem de manhã que a “forte precipitação” registada durante a noite causou problemas na instalação elétrica das piscinas municipais na Benedita, obrigando ao seu encerramento.
Entretanto, no concelho da Nazaré, o troço da Estrada Nacional 8-5, entre a Quinta do Pinheiro e a rotunda de acesso à A8, foi reaberto esta manhã ao trânsito depois de o trânsito ter sido interrompido devido “à inundação do piso, provocada pela subida do caudal e consequente galgamento de água dos cursos de água próximos da via”.
2.434 ocorrências no país nos últimos dois dias
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabilizou 2.434 ocorrências em todo o país relacionadas com a depressão Cláudia, entre as 14 horas de quarta-feira, dia 12, e as 11 horas desta sexta-feira, dia 14.
As regiões mais afetas foram a Península de Setúbal, com 577 ocorrências, seguindo-se a zona da Grande Lisboa (265 ocorrências) e o Algarve (251 ocorrências).
Além de 1.357 inundações, foram reportadas 442 quedas de árvores, 264 limpezas de via, 182 quedas de estruturas, 171 movimentos de massa, nove salvamentos aquáticos e nove salvamento terrestres.
A situação mais grave com vítimas ocorreu em Fernão Serro, no Seixal, com o registo da morte de um casal de idosos. Foi ainda necessário socorrer e realojar 32 pessoas, uma das quais no concelho de Pombal, e as restantes nos concelhos de Abrantes, Salvaterra de Magos e Seixal.
Até ao final desta manhã, foram mobilizados nas mais diversas operações 7.682 operacionais, apoiados por 2.947 veículos, revela o mesmo balanço.
Dado o impacto dos efeitos do mau tempo, que ainda perduram, a ANEPC reitera a adopção de medidas de prevenção e deixa as seguintes recomendações:
- Garantir a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais, removendo inertes e outros objetos que possam ser arrastados ou criar obstáculos ao livre escoamento das águas;
- Assegurar a fixação adequada de estruturas soltas, nomeadamente andaimes, placards e outras estruturas suspensas;
- Ter especial cuidado na circulação e permanência em áreas arborizadas, devido à possibilidade de queda de ramos ou árvores provocada por ventos fortes;
- Adotar precauções na circulação junto à orla costeira e zonas ribeirinhas, particularmente nas áreas historicamente mais vulneráveis a galgamentos costeiros, evitando a permanência nesses locais;
- Evitar atividades relacionadas com o mar, como pesca desportiva, desportos náuticos e passeios à beira-mar, bem como o estacionamento de veículos junto à orla marítima;
- Adotar uma condução defensiva, reduzindo a velocidade e prestando especial atenção à eventual formação de lençóis de água nas vias rodoviárias;
- Não atravessar zonas inundadas, prevenindo o risco de arrastamento de pessoas ou veículos para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas;
- Retirar de zonas normalmente inundáveis animais, equipamentos, veículos e outros bens para locais seguros.
Notícia atualizada no sábado, dia 15, às 9 horas, com atualização do corte de via na rua Campos do Lis, entre Amor e Serra do Porto de Urso.