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Trocovenda partilha sabores de outono na Bairrada

Recinto transformou-se num espaço de convívio, onde se puderam encontrar abóboras, romãs, nozes, marmelos, figos, castanhas, mel, compotas, enchidos, queijos, broinhas e artesanato

O que se produz nas hortas pode ser vendido no mercado Foto: SF

A antiga escola primária da Bairrada, na freguesia de Pousaflores, voltou a encher-se de gente e tradições no domingo, dia 26, para a 26.ª edição da Trocovenda, uma mostra e troca de produtos da terra promovida pela Associação Cultural da Bairrada (ACUBAI).

Entre o meio-dia e as seis da tarde, o recinto transformou-se num espaço de convívio, onde se puderam encontrar abóboras, romãs, nozes, marmelos, figos, castanhas, mel, compotas, enchidos, queijos, broinhas e artesanato, como os tradicionais cestos de cana.

A iniciativa valoriza a produção agrícola tradicional e biológica e é hoje um símbolo de comunidade. “O grande propósito até é o convívio. Se não fosse este ponto de encontro, a gente nem via as pessoas, e assim é uma alegria”, conta Maria Clara, 77 anos, reconhecida por todos como a alma da Trocovenda, mas que com humildade recusa o protagonismo.

“Eu sou uma auxiliar, vou fazendo o que posso. Tenho aqui duas filhas e três netas, os meus braços direitos. Sem elas já não conseguia”, aponta. Tudo o que se vende “é das nossas hortas, trabalho das nossas mãos. Pouquito que seja, ou mal apresentado, mas é de cá”, diz.

A ideia nasceu, recorda, “porque aqui não temos capelinha nem festa”. “A minha irmã mais velha lembrou-se de fazer uma feirinha diferente. Trabalhamos o ano inteiro, fazemos doces, colheitas, chouriças, bolinhos… e no dia juntamos tudo”, recorda. Os produtos são identificados por números e vendidos por uma equipa, que depois faz as contas e entrega o valor a cada produtor.

Entre as presenças fiéis está Maria Flor Mendes, 76 anos, cesteira da aldeia do Pessegueiro. “Acho que nasci num cesto de cana, o meu avô e a minha mãe também faziam. Só que eu morrendo, ninguém mais faz nada”, lamenta. Mesmo assim, regressa sempre ao mercadinho onde, assegura, vende todas as cestas.

Ao final da tarde, a Trocovenda ganha outro sabor, com as febras na brasa e as concertinas, prolongando o convívio num ambiente de partilha onde a tradição se renova, feita de mãos calejadas, receitas antigas e o orgulho de uma aldeia que, ano após ano, resiste ao esquecimento.


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