O Movimento 5 Estrelas, fundado por um comediante, que começou por ser encarado como uma anedota política e se assume como antissistema, foi o partido mais votado nas eleições legislativas italianas. Seguiram-se os partidos anti imigração, xenófobos e de direita, mais ou menos radicais. O socialista Mateus Renzi, ex primeiro ministro, teve um resultado dececionante.
Moral da história, a Itália está outra vez num impasse político e as forças anti Comunidade Europeia e eurocéticas ganharam em toda a linha, razão para ficarmos ainda mais atentos e preocupados com o futuro do projeto de uma Europa unida e coesa em torno de uma economia poderosa e de valores democráticos, igualitários e solidários.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>As forças centrífugas são cada vez mais poderosas e o quadro de valores fundacionais que serviu de cimento agregador no pós guerra estão claramente em xeque, com o desaparecimento dos partidos tradicionais, o recrudescimento de tendências populistas, xenófobas e autoritárias e a multiplicação de impasses políticos que comprometem a eficácia governativa e lançam o descrédito entre os cidadãos.
O Brexit, o interregno na Alemanha, a tentativa independentista na Catalunha, o autoritarismo húngaro, a negação polaca sobre o holocausto, as divergências sobre a melhor resposta ao êxodo dos refugiados, a eclosão de novos partidos fora do sistema tradicional, a pulverização dos votos, são tudo sinais a aconselharem uma reflexão ponderada, sem alarmismos, mas realista, sobre um mundo em mudança profunda e que não voltará a ser o que era.
Tal como as placas tectónicas, as sociedades movem-se e os ajustamentos são inevitáveis. Contrariar o curso da História é inglório, compreender a mudança é obrigatório, agir para construir o futuro é indispensável. É isto que temos de perceber para assegurar a coesão social e a consolidação do projeto europeu.
(Artigo publicado na edição de 8 de março de 2018)
Anónimo disse:
4.5