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Fernando Rosas apela ao voto útil e acredita que BE é capaz de reeleger em Leiria

Antes do comício em Leiria, o cabeça-de-lista esteve na Marinha Grande, onde reconheceu que o partido tem uma tarefa difícil mas pode voltar a eleger no distrito

FOTO: Joaquim Dâmaso

O histórico bloquista e cabeça-de-lista por Leiria, Fernando Rosas, apelou, ontem à noite, num comício em Leiria, ao “voto útil” no BE e deixou críticas ao “monopólio rotativo de PS e PSD” no poder, partidos que não resolvem os “problemas mais prementes” do país.

“Votar útil não pode ser perpetuar na governança do país o monopólio rotativo do PS e do PSD. Esse é o caminho da não resolução dos problemas mais prementes que inquietam a população desde a habitação à desigualdade, à saúde, aos baixos salários”, argumentou Fernando Rosas, num comício no Instituto Português da Juventude de Leiria.

Para sustentar a sua tese, o histórico bloquista, que regressa às listas do partido mais de uma década depois, começou por deixar lançar uma questão: “Acaso a maioria absoluta do PS resolveu ou começou sequer a resolver o drama da falta de casas e das rendas inacessíveis para os cidadãos comuns? Ou da falta de médicos, enfermeiros, trabalhadores da saúde? Ou das urgências encerradas? Ou da destruição do Serviço Nacional de Saúde por parte da ofensiva privatista que aí vai? Não resolveu, e esse foi, aliás, o seu imperdoável falhanço”, criticou.

Rosas também não perdoou ao Governo do PSD, que piorou essas “situações aflitivas” e “fingiu resolvê-las pela mercantilização e a privatização dos serviços públicos essenciais”, que gerou “rédea solta à especulação com os preços e rendas de casa e a saúde submetida ao lucro do negócio privado”.

“Devemos dizê-lo sem ambiguidades. A falência desse rotativismo sem alternância que geriu o capitalismo neoliberal está na origem da crise do sistema democrático e da insegurança, do medo e da zanga que ele espalha e é o alimento da extrema-direita neofascista, trauliteira e obscurantista que os manipula sem escrúpulos”, advogou.

Para o histórico bloquista, “em Portugal, nos Estados Unidos de Trump ou por essa Europa fora, votar útil é romper com esse ciclo vicioso pela esquerda, pelos direitos do povo unido, pelos valores de abril, é votar Bloco, é mudar de vida”.

Rosas apontou ainda aos deputados de PSD, PS e Chega atualmente eleitos pelo distrito de Leiria, que “podem ser os arautos mais ou menos palavrosos e sempre muito obsequiosos das causas dos empresários abastados, dos especuladores fundiários, do desvario extrativista, dos caciques, dos velhos e dos novos fascistas, mas não são, seguramente, porta-vozes de quem produz com vida dura e sacrifício a prosperidade e a riqueza deste distrito”.

O antigo deputado, que se propõe a regressar à vida parlamentar que deixou em 2010, assegurou que o BE é “uma esquerda que não desiste, que rema contra a corrente, que não tem medo das dificuldades”.

“Uma esquerda que sempre ousou lutar e que por isso, creio em mim, ousará vencer”, rematou.

Rosas distanciou o seu partido de outras forças políticas do mesmo quadrante, afirmando que o BE não é “a esquerda de que a direita gosta” nem a esquerda que “fala de paz mas defende as armas”, no que pareceu ser uma referência ao Livre.

Numa intervenção de cerca de 15 minutos nem o potencial candidato à Presidência da República Henrique Gouveia e Melo escapou à mira do historiador.

“Aí temos um dos candidatos a Presidente da República mais em moda a dizer que sim senhor vem o serviço militar obrigatório e é preciso cortar nos serviços sociais, é preciso cortar nos salários, é preciso cortar nas pensões. Ele ao menos não esconde. É bom sabermos já para as eleições presidenciais do que é que contamos pela frente”, afirmou.

Rosas, que chegou a estar preso no Forte de Peniche, durante o regime de Salazar, enalteceu a luta dos trabalhadores da Marinha Grande contra a ditadura e o fascismo, numa altura em que se pensava que “ele não voltava” e deixou ainda um alerta sobre o “impune desastre ambiental” em curso nas explorações de caulinos (minérios) no concelho de Pombal.

Foi na cidade vidreira, precisamente, que Fernando Rosas reconheceu que o partido tem uma tarefa difícil mas acredita que o BE é capaz de voltar a eleger em Leiria.

“Que a direita cante vitória num distrito onde em 10 deputados tem sete, a direita e o centro, é natural. Nós estamos cá exatamente para contar a história ao contrário, ou seja, para dizer que é possível neste distrito voltar a eleger, como aconteceu já três vezes antes, deputados do Bloco de Esquerda”, argumentou.

O histórico fundador do BE, que foi deputado pela última vez há mais de uma década, em 2010, afirmou que “nunca abandonou a luta”, mas tomou a decisão de voltar às listas do partido nestas legislativas antecipadas por considerar que existe uma “situação de alarme democrático no país e no mundo”.

Momentos antes de falar aos jornalistas, Fernando Rosas já tinha reconhecido que está perante um desafio, durante uma conversa com trabalhadores por turnos da indústria vidreira.

“Estamos a lutar. Dirão que é uma luta contra a corrente, difícil, é um distrito onde a esquerda tem que travar uma luta dura mas bom, o nosso destino é esse”, afirmou.

Interrogado sobre se está com energia para a campanha eleitoral, Fernando Rosas devolveu uma pergunta: “O que é que acha?”.

“Lutar, remar contra a corrente, foi sempre o propósito da minha vida e da vida do Bloco quando ela se criou, é por isso que cá estamos”, completou o bloquista, que em 1972, foi um dos presos políticos a estar cerca de um ano na Fortaleza de Peniche.

O BE não elege em Leiria desde 2022, altura em que perdeu representação parlamentar neste distrito, conquistada pela primeira vez em 2009 e depois em 2015 e 2019.

Mortágua considera que esquerda “está com muita energia” apesar de dificuldades

A coordenadora do BE considerou que a esquerda está “cheia de energia” para as legislativas de dia 18, apesar das dificuldades, e lembrou que já derrotou a extrema-direita no passado, deixando-a no “balde do lixo da História”.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma iniciativa na Marinha Grande, com trabalhadores por turnos da indústria vidreira, Mariana Mortágua reconheceu que a esquerda “não está na sua máxima força” e “tem dificuldade em contrariar um conjunto de mitos, falsidades e aproveitamentos da extrema-direita”, que “vai cavalgando desigualdades”.

Apesar de tudo isto, Mariana Mortágua contrariou a ideia de que a esquerda está cansada.

“A esquerda está com muita energia, se há quem tenha lutado contra a extrema-direita na história, foi a esquerda, e ganhámos, e deixámos a extrema-direita no balde do lixo da história, e é aí que a extrema-direita pertence, e a esquerda é uma força essencial para isto”, sustentou.

Mortágua falava ao lado do cabeça-de-lista do partido pelo distrito de Leiria, Fernando Rosas, um dos três fundadores bloquistas que regressaram às listas do partido para a Assembleia mais de uma década depois.

“Candidatamos o Fernando Rosas por Leiria porque queremos o Fernando Rosas na Assembleia da República e porque é importante ter o Fernando Rosas na Assembleia da República”, defendeu.

De acordo com a dirigente bloquista, o BE está a disputar em Leiria “uma luta” para voltar a ter deputados no parlamento que se comprometam com a luta do trabalho por turnos, prometendo que o partido vai apresentar um projeto de lei sobre o tema na próxima sessão legislativa.


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