O projeto “City of Glass”, de Daniel Bernardes, inspirado na “Trilogia de Nova Iorque”, de Paul Auster, foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Autores com prémio Melhor Trabalho de Música Erudita.
O músico e compositor, natural de Alcobaça, e que também dirige a Leiria Cidade Criativa da Música, estava nomeado para a categoria a par de “Talkin(g) (A)bout my generation”, de Pedro Lima Soares, e “Sete retratos a preto e branco”, de Nuno da Rocha.
“Agradeço à Ana Proença pelo sonho e pela contribuição fotográfica, partilhada com a Beatriz Candeias Rato e o Roberto Correia. Ao André Tavares e ao João Bessa pelo som, ao Coro Ricercare e ao seu precioso maestro e amigo Pedro Teixeira, ao António [Quintino, contrabaixista] e ao Joel [Silva, baterista, natural de Leiria] companheiros de estrada e ao Pedro Moreira que trouxe a sua visão e sensibilidade na direcção musical”, agradeceu, online, Daniel Bernardes, assumindo-se “feliz”, com a distinção da SPA.
Em 2024, o artista explicou ao REGIÃO DE LEIRIA que, em “City of Glass”, pretendeu “fazer algo mais assumidamente jazzístico, com o coro mas também o trio”.
A inspiração veio de Paul Auster, “um daqueles escritores que li e estive um ou dois anos a ler apenas aquele autor”. “City of glass” (“Cidade de vidro”) é a primeira parte da “A trilogia de Nova Iorque”, de Auster, “uma história superdensa”, que “não se consegue largar” pela mistura de obsessão, mistério, romance policial e referências literárias a “Alice no País das Maravilhas” ou “Dom Quixote”, salientou então.
“É um dos exemplos da literatura pós-modernista. E é uma história fabulosa”, destacou Daniel Bernardes que, a partir do texto do norte-americano, compôs 12 andamentos que refletem “momentos importantes da narrativa e são citações diretas de expressões ou frases do livro” de Auster, procurando fixar “o impacto emocional” da história.
Os Prémios SPA Autores 2025 distinguiram também outro autor da região: António-Pedro Vasconcelos, realizador natural de Leiria, que morreu em 2024.
O trabalho do cineasta foi reconhecido com o Prémio Melhor Programa de Informação em televisão, pela série “A Conspiração”, transmitida pela RTP1, que revisitou o chamado “movimento dos capitães”, na origem da queda da ditadura em 25 de Abril de 1974.