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Cartas ao diretor

A arte xávega da praia da Vieira dos últimos anos

O leitor António Gomes Lameiro descreve a evolução desta arte na Praia da Vieira

Arte xávega é uma marca da identidade local Foto de Arquivo: Joaquim Dâmaso

Inicialmente, os nossos barcos exigiam uma tripulação de 36 pescadores (34 aos remos, um arrais e seu ajudante). Os últimos dois, Falcão e Raposeiros, deixaram de pescar por falta de pessoal. Entretanto, um empresário da nossa terra adquiriu um novo barco, mais pequeno, cuja tripulação era de 26 pescadores.

Tinha o nome de Infante D. Henrique e passados poucos anos deixou de pescar, por falta de pescadores. Em face de tal situação viveu-se algum tempo sem pesca na praia da Vieira.

Eis então que um conterrâneo nosso, José Carcaça, recentemente falecido, homem apaixonado pelo mar e pela pesca de arrasto, teve a ideia de comprar um barco mais pequeno a remos. Se assim pensou, melhor fez. Foi à Nazaré e comprou-o. Não tinha nome, mas tinha o registo da capitania da Nazaré: nº. N10452.

Pouco depois de iniciar a sua atividade sofreu dois acidentes que, felizmente, não provocaram feridos. Todavia, o Cabo do Mar de então, que não sendo homem do mar era excelente conhecedor da sua costa e, esse conhecimento, recomendava alguns cuidados a ter com a utilização desta embarcação, de ré larga e sem lugar para amarrar a corda, chamada “mão de barca”, que ficava presa na ponta da rede, chamada manga. Daí recomendou à Capitania da Nazaré que tal embarcação fosse proibida e aconselhado feitio meia-lua. O que foi aceite. E pela Capitania foram recomendadas embarcações, que embora mais pequenas que os barcos antigos, fossem modelo “meia lua”.

O José Carcaça era duma capacidade de imaginação que a todos surpreendia. Para ele não havia problemas sem solução. Na Praia da Vieira já se pensava que iríamos deixar de ter pesca de arrasto. Mas isso não cabia no pensamento do nosso excelente pescador da arte xávega.

Logo que soube dessa notícia contratou pessoal especializado na matéria e do barquinho naufragado construiu um “meia lua”, ao qual foi dado o nome de José Carlos e a seguir foram construídos mais cinco com os nomes de: Princesa do Lis, Deus te Salve, Estrela da Madrugada, Jovem e Nosso. Se anteriormente não havia pescadores para o Infante D. Henrique, agora as dificuldades de remar e puxar as redes, depois de as ter ido lançar ao mar, era doloroso e fez com que os seis barquinhos fossem parando até ao seu afastamento total da nossa praia.

Entretanto, novas tecnologias despertaram outros pescadores. Atualmente, temos três companhas de arrasto. Facilidades: Os barcos são a motor e lançados ao mar por tratores, que depois os puxam em terra; as cordas são diferentes das usadas pelos anteriores barcos; não tem nós nem a numeração, que antigamente se utilizava, para se saber a que distância se havia lançada a rede; as redes são puxadas por tratores e recebidas no seu atrelado, bem como as cordas, que no final vão para o barco com destino a novo lanço. Não há trabalho em pôr as redes ao sol, salvo se houver necessidade de proceder a alguma reparação.

Das pinturas dos nossos barcos, não posso deixar de dizer, que admiro e aprecio, admiravelmente, a pintura, nova na nossa praia, do barco que homenageia o nosso cavalo internacional de nome Lusitano.

António Gomes Lameiro

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