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Idosos que denunciam filhos por violência querem tratamento e não punição

O número de idosos vítimas de crime e violência continua a aumentar. Em Portugal, existem duas casas de abrigo destinadas a apoiar mulheres idosas vítimas de violência doméstica.

Idosos que denunciam filhos por violência querem tratamento e não punição

Muitos dos idosos que denunciam os filhos por violência doméstica querem que estes sejam tratados e não punidos. “Muitas vezes, aquela pessoa idosa aquilo que nos verbaliza sempre é: ‘eu só denunciei, porque quero que o meu filho ou a minha filha se trate’”, relatou Íris Almeida, coordenadora do Gabinete de Informação e Atendimento à Vítima (GIAV) do Campus de Justiça de Lisboa, em entrevista à agência Lusa.

Segundo a psicóloga, no caso dos idosos os principais agressores são os filhos, os netos e às vezes o cuidador, envolvendo “por vezes questões de saúde mental” ou consumos. “Não querem tanto uma punição, querem mais uma reabilitação deste ponto de vista dos consumos quer de álcool quer de drogas, ou até questões ao nível da saúde mental”, sublinhou a também investigadora e docente.
Inaugurado em 18 de novembro de 2011, o GIAV garante o acompanhamento das vítimas por psicólogas ao longo de todo o processo penal.

No caso dos idosos, há situações em que, atendendo à sua fragilidade, “todas as diligências” com as vítimas são realizadas em casa ou na instituição onde estejam a residir.

A coordenadora do GIAV confirmou ainda que, “nos últimos anos”, têm sido acompanhadas no espaço mais pessoas idosas, algo que associa a um contexto de crise no país.

“Sempre que nós temos uma crise, e atualmente vivemos uma situação em que o preço da habitação está muito caro, muitas vezes o que acontece é que estes filhos voltam para casa dos pais […] e depois exigem. E acabamos por ter conflitos intergeracionais”, defendeu, acrescentando que tal tinha já sido sentido no GIAV “quando foi a última crise”.

1.557

Segundo dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), as denúncias têm vindo a crescer: entre 2019 e 2024, o número de vítimas com mais de 65 anos apoiadas pela instituição passou de 1.341 para 1.730. Em 2025, até agosto, já foram apoiadas 1.557 vítimas, sendo 75% mulheres, reporta a agência Lusa

Mais mulheres vítimas

Numa reportagem sobre o tema, a Lusa revela ainda que o número de idosos vítimas de crime e violência continua a aumentar, sobretudo mulheres vítimas de violência doméstica, como Odete, Etelvina ou Gertrudes que vivem atualmente numa casa de abrigo depois de anos de abusos por maridos e filhos.

Dados da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) indicam que, até setembro, havia seis mulheres idosas em acolhimento de emergência e outras 27 em casas de abrigo. Atualmente, existem apenas duas casas especificamente destinadas a mulheres idosas vítimas de violência doméstica.

Numa dessas casas vivem atualmente seis mulheres, “muitas de famílias desestruturadas e de grande vulnerabilidade social e económica”, mas “também pessoas de classe média/alta” porque o fenómeno é transversal, como explicou à Lusa um elemento da equipa técnica.

A psicóloga salientou que estão em causa fenómenos de violência “que se prolongaram durante muito tempo”. O agressor pode ser o companheiro, mas em cerca de metade dos casos são os próprios filhos, havendo também situações em que o agressor era irmão da vítima ou enteado.

Para a equipa técnica, o grande desafio surge no momento de procurar soluções de futuro para estas mulheres. Muitas precisariam de integrar respostas sociais permanentes, como vagas em lares, mas acabam preteridas face a outros casos considerados mais urgentes. Apontou igualmente que a saúde é um grande desafio nestes casos, “por causa da idade, de algumas doenças que não estão diagnosticadas”, além de casos de demências iniciais ou outras doenças mentais.

Há, por outro lado, muitas vezes um quadro de “muita dependência emocional” em relação aos respetivos agressores, além de dependência financeira, o que explica muitas vezes a razão por que estas mulheres permanecem tanto tempo junto de quem as violenta.

Lusa/Susana Venceslau

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244 821 728
Linha de Apoio à Vítima Idosa de Violência Doméstica (chamada gratuita)
800 210 340


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