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A propósito: Carpe Diem

Enquanto aguardava dentro do carro a chegada do sinal verde observava, ao mesmo tempo, o que me rodeava e me é familiar há tantos anos. Como mudara a Av. Heróis de Angola!

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Leonor Lourenço, professora bibliotecária leonorplourenco@gmail.com

Enquanto aguardava dentro do carro a chegada do sinal verde observava, ao mesmo tempo, o que me rodeava e me é familiar há tantos anos. Como mudara a Av. Heróis de Angola!

De repente, o meu olhar poisou numa poça de água e vi o reflexo nítido do que ela espelhava. Uma imagem muito bem enquadrada, linda… Tendo a meu lado a máquina fotográfica, considerei a hipótese de ousar sair do carro e fotografar. No entanto, achei mais sensato arrumar o carro e dirigir-me posteriormente ao mesmo local para captar o motivo que tanto me enfeitiçara. Assim o fiz.

Estacionei e dirigi-me, rapidamente, ao local que me fascinara.

Mas por mais voltas que desse, aquela imagem escapara-se. Fora-se o momento… A poça estava diferente e eu não conseguia posicionar-me no sítio exato nem à altura em que vi a dita maravilha. Esvaiu-se! Esforcei-me para tentar reavê-la, captá-la, “agarrá-la”, mas em vão! Aquela oportunidade jamais voltaria.

Ficou pelo menos a reflexão e transposição para a vida. Mais uma vez, se acentuou em mim a noção de que há momentos irrepetíveis. Nem sempre vivemos e apreendemos o que amamos. Ainda assim, vivamos cada momento com intensidade mesmo que, como neste caso, não nos fique nada além da memória. Essa perdura enquanto e se o quisermos. Carpe Diem!

(texto publicado na edição de 6 de fevereiro de 2014)