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A propósito: Nunca mais?!

Há poucos dias coloquei no facebook uma foto tirada no campo de concentração de Dachau, com vestuário de pessoas que tinham sido cremadas e onde era possível ver sapatinhos de crianças.

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Leonor Lourenço, professora bibliotecária leonorplourenco@gmail.com

Há poucos dias coloquei no facebook uma foto tirada no campo de concentração de Dachau, com vestuário de pessoas que tinham sido cremadas e onde era possível ver sapatinhos de crianças. Ao lado desta coloquei outra foto que tirei no Estádio Municipal Magalhães Pessoa, com calçado de meninos que saltavam no trampolim no dia mundial da criança. Algumas pessoas nesse espaço virtual reagiram com um veemente “nunca mais!”. Senti o mesmo desejo de que as crianças pudessem ser poupadas ao martírio e ao sofrimento mas, ao mesmo tempo, olhando o mundo que nos rodeia e a incapacidade de lutar contra tantos horrores como podemos ter a garantia de que a história não se repete? Será que vivemos num mundo onde flagelos respeitantes a crianças não ocorrem? Que dizer dos terríveis assassinatos e maus tratos infligidos a crianças da República Centro-Africana devido ao simples facto de terem nascido num lar com crenças religiosas distintas de outros? E das menores violadas e obrigadas a casar com os seus violadores, situação atroz que se vive na Argélia, Marrocos e Tunísia? E de excisão, em países africanos onde, por questões culturais ou religiosas e apesar das proibições, se continua a praticar? E das crianças soldado, cujos números são deveras assustadores? E das crianças forçadas a trabalhar, muitas a partir dos três anos de idade? Que podemos fazer para que, de facto, nunca mais?

(texto publicado na edição de 26 de junho de 2014)