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Hugeek: A fechar 2013, olho em 2014

Às vezes contam-se histórias de sucesso para inspirar mas o efeito pode ser o contrário…

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Hugo Menino Aguiar, presidente da Associação Fazer Avançar hma@fazeravancar.org

Às vezes contam-se histórias de sucesso para inspirar mas o efeito pode ser o contrário – “não consigo ser assim”, mas atenção, estas pessoas não são máquinas da produtividade, provavelmente, são bastante normais.

Quando desabafam comigo sobre organização ou produtividade tento dar alguns exemplos que funcionam comigo. Deixando claro que, o que funciona comigo, pode não funcionar contigo. Foi rara a vez em que senti ter ajudado. A pessoa à minha frente tinha na cabeça “eu não sou assim, não consigo fazer isso”. Esta semana percebi porquê: dar exemplos de métodos que funcionam não é suficiente; é preciso dar exemplos de fracasso, das vezes em que senti as mesmas dificuldades. É preciso criar empatia, expor-me. Portanto aqui vai.

Em 2013 foi frequente passar 2 horas a carregar no botão de snooze do meu telemovel quando o despertador tocou, apenas porque não queria encarar o dia. Usei as mesmas calças uma semana seguida porque a minha vida estava uma confusão e lavar roupa parecia-me ser o menos urgente. Chorei a ver filmes como “my dog Skip”. Li artigos de auto-ajuda e fiz sessões de relaxamento e massagem pois achava que estava condenado ao stress. Não atendi chamadas telefónicas porque não estava preparado para ter conversas desconfortáveis.

Mas também é verdade que 2013 foi um ano bom para mim. Foi o ano em que fui mais produtivo, foi o ano em que senti ter mais sucesso nos trabalhos que fiz. Foi o ano em que viajei mais, aprendi mais sobre mim mesmo e voltei a aproximar-me mais da minha família.

Os grandes criativos, gestores ou outros exemplos são criaturas muito parecidas connosco. Sabe bem desculpar-me com o “não consigo” mas nem sempre é verdade.

Passei a ser menos mau em produtividade quando percebi que 1) permitir que me sinta ocupado é truque para não fazer o que é importante ou desconfortável; e 2) só tenho que fazer o importante e fazer algo excepcionalmente bem não significa que é importante. A minha estratégia é só esta – bloquear 3horas/dia à big thing – um dia falamos sobre isto. Desejo-te um excelente 2014.

(texto publicado na edição de 24 de dezembro de 2013)