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Ilustração do rosto de Patrícia Duarte

Patrícia Duarte

Diretora-adjunta do REGIÃO DE LEIRIA

Museu Ferroviário do Oeste

A Linha do Oeste tem de sair do fundo da gaveta do ministro das Infraestruturas e não pode ficar de fora do Plano de Recuperação.

Está no centro do país mas não deixa de ser periférico. É forte na indústria e fraco na atração de investimento. Apesar de densamente povoado, não sabe o que é uma rede de transportes públicos. Tem alguns dos mais valiosos monumentos nacionais, mas não consegue segurar os turistas por mais de um dia.

Este é o dilema em que o distrito de Leiria vive mergulhado. E este é o cenário que explica que permaneça por concretizar um dos objetivos estratégicos para o seu futuro: a modernização da Linha do Oeste.

O atraso da ferrovia é um problema grave em Portugal, mas em Leiria é também crónico. Os sucessivos adiamentos da intervenção na linha põem a nu a irrelevância com que o distrito é olhado.

As justificações apresentadas são inadmissíveis. Como inadmissível é a inércia da classe política nesta matéria que mais facilmente vem a terreiro bater-se por um aeroporto na região.

No Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, António Costa Silva coloca como primeiro eixo estratégico as infraestruturas físicas. Dentro destas, surge à cabeça a ferrovia.

De Caldas da Rainha para norte, a Linha do Oeste está convertida em museu ferroviário. A supressão de comboios, a antiguidade das composições, o abandono das estações e apeadeiros faz do caminho-de-ferro um espaço de memória e passado quando deveria ser de presente e futuro.

A Linha do Oeste tem de sair do fundo da gaveta do ministro das Infraestruturas e não pode ficar de fora do Plano de Recuperação.

Está na altura de os autarcas saírem das suas torres de marfim e se unirem. Lutarem arduamente, e de forma que se veja, por esta infraestrutura crucial para o desenvolvimento de uma região que quer ser Capital Europeia da Cultura em 2027.

Já depois de ter apresentado o Plano de Recuperação, Costa Silva entrevistado pelo jornal Expresso, dizia: “Somos um país de muitos eus e poucos nós. E temos eus muito insuflados, sabe? Se as pessoas fossem mais modestas, humildes e colaborativas, podíamos mudar completamente a nossa história”. O consultor falava do país. O distrito de Leiria não é exceção.