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rosto do médico psiquiatra Sérgio Martinho

Sérgio Martinho

Médico psiquiatra

serg.m.martinho@gmail.com

Exclusivo

Ricardo Reis olha para a Ucrânia

Há seres humanos que ainda pegam em armas e acreditam numa coisa imaginária que se chama nação pela qual estão dispostos a encher um caixão ou uma vala.

Ouvi contar que rebentou a guerra, e não se consegue conter a impressão de que estamos perante algo de mitológico. Os sentidos anunciam um anacronismo nascente, que se levanta dos livros de história como um espectro com cicatrizes na cara. Há seres humanos que ainda pegam em armas e acreditam numa coisa imaginária que se chama nação pela qual estão dispostos a encher um caixão ou uma vala. Mitológico, sem dúvida. Não apenas no sentido de que veio à vida algo de irreal e fantástico, mas também pelo sentimento fundador que só os mitos revelam quando instados a falar. Fundador, porque, na televisão, dizem que, a partir de agora, tudo começa. Já a peste tinha deixado tudo diferente; agora rebenta a guerra, e é tudo diferente outra vez, tudo começa outra vez.