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O precioso encontro de gerações entre avós e netos

É extraordinariamente importante que a criança, desde cedo, possa ter a oportunidade de interagir e conviver com outros adultos que não os pais

Maria (nome fictício) abre o jornal e sente-se reconfortada: um estudo da Universidade de Oxford demonstra que a convivência entre netos e avós é benéfica para as crianças, com os mais velhos a darem uma ajuda preciosa e experiente na superação das dificuldades e desafios do quotidiano.

Como acontece com muitos outros pais divididos entre casa e trabalho, Maria confia diariamente a filha ao cuidado da família, tendo já pesado vezes sem conta os prós e contras da decisão.

“É extraordinariamente importante que a criança, desde cedo, possa ter a oportunidade de interagir e conviver com outros adultos que não os pais, isso vai ajudá-la também a socializar e a lidar com a ansiedade à separação da mãe”, explica Paulo José Costa, assistente de Psicologia Clínica no serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria – Pombal.

Neste encontro de gerações, em que os dois lados aprendem com o outro, algo mudou nos últimos anos: os avós modernos são mais activos e disponíveis, enriquecendo de forma constante as muitas horas que passam com os netos.

“O facto de na primeira infância haver essa hipótese é claramente uma vantagem, mas também é importante que se diga que os avós deverão ter uma atitude e um perfil que possa ser ajustado e que não perturbe o processo de desenvolvimento da criança”, salienta Paulo José Costa.

Ou seja, eles próprios têm de ser “instrutores e reguladores do comportamento”, não boicotando as regras que os pais instituem no resto do tempo, nomeadamente em casa. Portanto, eis algumas dicas que lhe podem ser úteis: explique as rotinas e os limites que aplica ao seu filho, deixe algum dinheiro e não se esqueça de uma lista com telefones de emergência.

Maria começa agora a pensar no dia em que um jardim-de-infância vai substituir a relação com os avós e são tantas as dúvidas como as certezas que lhe acorrem ao espírito. “As coisas não podem ser demarcadas em termos de momento ideal, mas é evidente que a criança a partir do segundo ano de vida já está em condições de poder ir para o ensino pré-escolar”, refere Paulo José Costa. Isto acontece porque “necessita de ser incluída num universo de interacção e de socialização com outras crianças e com outros adultos que não sejam os familiares para poder apreender destrezas essenciais”, refere.

Por outro lado, o treino dos educadores, num estabelecimento público ou particular, pode revelar-se uma vantagem. “Se a criança no ambiente escolar não manifesta determinadas competências, isso pode ser alvo de uma sinalização para uma avaliação, para uma consulta mais técnica, e se estiver num ambiente familiar e não se estiver atento a isso, podem  surgir situações de algum atraso no desenvolvimento”, diz o psicólogo clínico.

Texto de Cláudio Garcia

claudio.garcia@regiaodeleiria.pt

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