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Fogo de Pedrógão Grande foi causado por descarga elétrica

Comissão técnica independente conclui que o incêndio começou em Pedrógão Grande, em 17 de junho, foi causado por descargas elétricas mediadas pela rede de distribuição de energia.

Incêndio de Pedrógão Grande terá tido origem em descarga elétrica Foto: Joaquim Dâmaso

Os incêndios que começaram em Pedrógão Grande e Góis, em 17 de junho, foram causados, respetivamente, por descargas elétricas mediadas pela rede de distribuição de energia e por um raio.

De acordo com o relatório da comissão técnica independente designada para analisar os fogos de junho na região Centro, hoje entregue na Assembleia da República e tornado público, “os incêndios de Pedrógão Grande (28.914 hectares) e Góis (17.521 hectares), o segundo e o oitavo maiores de sempre desde que há registos, foram causados, respetivamente, por descargas elétricas mediadas pele rede de distribuição de energia e por raio”.

“O incêndio de Pedrógão Grande […] é muito provavelmente aquele que, em Portugal, libertou mais energia e o fez mais rapidamente (com um máximo de 4.459 hectares ardidos numa só hora), exibindo fenómenos extremos de vorticidade e de projeção de material incandescente a curta e a longa distância”, sintetiza o relatório.

A 18 de junho, um dia após o início do fogo, o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) disse à agência Lusa que o incêndio que deflagrou no concelho de Pedrógão Grande teve origem numa trovoada seca, afastando qualquer indício de origem criminosa.

“A PJ, em perfeita articulação com a GNR, conseguiu determinar a origem do incêndio e tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais. Inclusivamente encontrámos a árvore que foi atingida por um raio”, explicou, na ocasião, Almeida Rodrigues.

Já o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, afirmou, por mais do que uma vez, que o incêndio que deflagrou teve “origem criminosa”.

Entre estes incêndios e outros de grandeza semelhante, refere ainda o documento, há diferenças importantes, já que “são os primeiros a acontecer ainda na primavera” e estão num patamar inferior em relação aos índices de perigo meteorológico associados à velocidade de propagação do fogo e à quantidade de combustível morto disponível para arder.

“Consequentemente, a excecionalidade destes eventos resulta da sinergia e encadeamento com fatores adicionais, a saber: o adiantado estado de secura da vegetação, que distingue o ano de 2017 de qualquer um dos anos anteriores; a grande instabilidade da atmosfera e o seu perfil de humidade, implicando muita energia disponível para fenómenos convectivos e para correntes de ar descendente; o efeito da frente de rajada na velocidade de propagação, intensidade frontal e capacidade do incêndio para gerar focos secundários”, descreve-se.

É ainda referido no relatório que esta possibilidade de expansão das chamas “permitiu que o incêndio aproveitasse e reforçasse a estrutura favorável da atmosfera, fazendo ascender a coluna de convecção até à formação de um pirocúmulonimbo, em que processos atmosféricos dominam o fogo e o tornam mais errático e perigoso”.

Ocorreu também “o ‘colapso’ da coluna de convecção, que originou a forte corrente de ar descendente (‘downburst’) causador do súbito e violento crescimento do fogo”.

O relatório hoje entregue no parlamento analisa os fogos ocorridos entre 17 e 24 de junho nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Arganil, Penela, Oleiros, Sertã, Góis e Pampilhosa da Serra.

O fogo que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho só foi extinto uma semana depois, tal como o incêndio que teve início em Góis (distrito de Coimbra). Os dois fogos, que consumiram perto de 50 mil hectares em conjunto, mobilizaram mais de mil operacionais no combate às chamas.

O incêndio florestal que deflagrou há quatro meses em Pedrógão Grande, tendo alastrado a vários municípios vizinhos, causou 64 mortos e mais de 200 feridos.

Lusa


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