Cerca de 13 mil hectares da Mata Nacional ficaram destruídos Foto: Joaquim Dâmaso
O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural afirmou hoje que tinha indicação de que a gestão do Pinhal de Leiria era a adequada, mas admitiu que aquela mata nacional possa vir a ser gerida de uma outra forma.
“A informação que tenho é que a gestão de combustível tem sido realizada, do ponto de vista técnico, de forma adequada”, afirmou hoje aos jornalistas o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, questionado sobre a gestão e limpeza do Pinhal de Leiria, também conhecido como Pinhal do Rei, que está a cargo do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
O ministro sublinhou que tem de confiar “nos serviços técnicos”, apesar de não menosprezar, nem subestimar, “os alertas e as opiniões de técnicos exteriores à administração e de cidadãos interessados”.
Apesar de recordar as informações prestadas pelo ICNF, Capoulas Santos sublinhou também as “restrições financeiras, de equipamentos e pessoais”, considerando que a “enorme redução de meios” na administração pública terá tido consequências a vários níveis, não podendo no entanto referir se essa é a causa imediata da destruição de 80% do Pinhal de Leiria por causa de um incêndio.
Questionado sobre a possibilidade de a gestão daquela mata nacional poder ser entregue à autarquia da Marinha Grande, o ministro referiu que “o Estado já demonstrou que, sempre que assumiu funções de empresário, normalmente não foi muito bem sucedido”.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>“Há outras fórmulas, hoje, que permitem uma gestão mais eficiente do que a administração central”, notou, afirmando que, no contexto da reforma da floresta, há a perspetiva de colocar “na gestão da floresta, em primeiro lugar, quem está mais próximo dos interesses privados”.
O membro do executivo explanou que pode ser “uma hipótese” a utilização da figura da entidade de gestão florestal – diploma previsto na reforma da floresta e que ainda está em apreciação no Parlamento.
“Estamos abertos a encontrar novas formas de gestão que sejam mais eficazes, mais próximas e que permitam uma gestão mais profissional”, sublinhou, recordando que essas mesmas entidades, previstas no diploma, podem ter a participação de empresas, cooperativas, autarquias ou entidades em que as autarquias participem.
Gabriel Roldão, um estudioso do Pinhal de Leiria, disse na terça-feira à agência Lusa que há anos que avisava que o incêndio de domingo que devastou a mata de pinheiro bravo “ia acontecer”.
Em agosto, tinha também lançado o alerta numa outra reportagem da agência Lusa.
Após o incêndio, o próprio município da Marinha Grande afirmou que a limpeza da mata não estava “tão bem quanto seria desejável”, ressalvando que o Pinhal “é exemplar” em termos de ordenamento.
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