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Reabilitação de imóveis sustenta procura de engenheiros civis

A reabilitação urbana e a construção de novas unidades industriais têm contribuído para a recuperação da construção civil e para o aumento da procura de engenheiros civis, cuja escassez no mercado de trabalho já é notada pelas empresas e associações.


“A impulsionar a recente procura parece estar a dinâmica do mercado de reabilitação”, refere ao REGIÃO DE LEIRIA Paulo Silva Santos, presidente da Associação Regional dos Industriais de Construção e Obras Públicas de Leiria (ARICOP), destacando que “a maioria dos profissionais tem como destino projetos de reabilitação e habitação já que, por notória falta de investimento público, o sector das grandes obras não está a recrutar um número expressivo de profissionais de engenharia”.


O delegado distrital de Leiria da Ordem dos Engenheiros e coordenador da licenciatura em Engenharia Civil do Politécnico de Leiria, Ricardo Leal Duarte, concorda com a importância da reabilitação, “em especial no mercado habitacional”, mas “a indústria também tem contribuído de forma considerável com a construção de edifícios novos e a reformulação dos existentes”.


“No último trimestre do ano passado, devido ao período eleitoral, o país assistiu a um incremento de obras públicas ao nível autárquico, o que também contribuiu para o aumento da procura de engenheiros civis. Nas obras públicas de índole mais nacional, embora existam trabalhos interessantes em curso, ainda não foi alcançada uma dinâmica mais contínua e visível”, adianta Ricardo Leal Duarte.


Segundo o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o desemprego registado de engenheiros civis caiu de 2.454 para 1.797 casos no continente nos últimos três anos; enquanto na área do IEFP de Leiria desceu de 68 para 36 desempregados, de 2015 para o ano passado.


No caso das ofertas de emprego, o comportamento é semelhante. Caíram de 811 para 452 nos últimos três anos no continente. Na área do IEFP de Leiria houve 30 propostas em 2015, contra 28 no ano passado.


“Está a sentir-se uma manifesta dificuldade na contratação de mão-de-obra qualificada para a construção civil, incluindo profissionais de engenharia civil”, em resultado da ”emigração de um número significativo, mas também do afastamento de centenas de alunos das universidades, empurrados pela falta de perspetiva de oportunidades laborais”, afirma Paulo Silva Santos.


“Os valores das remunerações são demasiados baixos para a formação académica exigida e para a responsabilidade assumida nos trabalhos”, aponta Ricardo Leal Duarte, acrescentando, no entanto, que “na construção civil, de um modo geral, já estamos a assistir a um aumento dos preços”, sendo “expectável que melhores salários também cheguem aos responsáveis máximos” das obras.


Um dos requisitos de muitas das ofertas de emprego é a experiência profissional. “A experiência dos que emigraram pode enriquecer muito a nossa classe profissional, mas sem o devido reconhecimento salarial os lugares continuarão a ficar vazios, como já está a acontecer em algumas das ofertas de emprego”, considera o delegado distrital de Leiria da Ordem dos Engenheiros, explicando que a maioria dos que emigrou ou mudou de profissão alcançou um nível salarial “muito interessante” e não estará na disposição de aceitar valores mais baixos.

Carlos Ferreira

(Artigo publicado na edição de 15 de fevereiro de 2018)

Carlos Ferreira
Jornalista
redacao@regiaodeleiria.pt

Há dificuldades de contratação, seja por escassez de profissionais ou porque os mais jovens não possuem ainda as competências e experiência consideradas essenciais. Sendo assim, os que ficaram desempregados ou emigraram poderão ter uma janela aberta de oportunidades”

No IPLeiria quase todas as semanas existem contactos de empresas à procura de profissionais recém-formados ou até com experiência. Em termos nacionais, há empresas com receio de não virem a ter, a curto e médio prazo, engenheiros civis suficientes. Nos próximos anos haverá uma boa empregabilidade”

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