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Infeção urinária: A culpa é (quase) sempre das bactérias

As cistites são mais comuns nas mulheres, sobretudo entre as faixas etárias dos 20 e dos 50 anos. Saiba quais são os sintomas e o que deve fazer.

Rui Passadouro
Médico especialista em Saúde Pública
ACES Pinhal Litoral

50%

As cistites são mais comuns nas mulheres, cerca de 50 vezes, e na faixa etária 20 a 50 anos. Estima-se que 50% das mulheres tenham uma infeção não complicada durante a sua vida

A origem de uma infeção urinária é sempre bacteriana?

Quando nos referimos a infeção urinária pensamos em pielonefrite ou infeção do rim, e cistite ou infeção da bexiga, mas a infeção da uretra (uretrite) e da próstata (prostatite), embora menos frequentes, são comuns. Relativamente ao agente responsável da infeção, a quase totalidade das cistites e pielonefrites é causada por bactérias. Contudo, raramente e em doente com déficit de imunidade, podem dever-se a fungos, micobactérias, vírus e parasitas.

Quais são os principais sintomas?

Na infeção da bexiga (cistite), a queixa principal e mais frequente é o ardor ou micção dolorosa de pequeno volume de urina. No entanto, também pode ocorrer a presença de sangue na urina e eventualmente urina turva. Na infeção do rim (pielonefrite), podem surgir os mesmos sintomas da cistite, acrescidos de febre, dor na região do flanco do lado do rim afetado e por vezes náuseas e vómitos.

Quando é que se deve ir ao médico?

A presença das queixas referidas implica sempre uma consulta médica, para exclusão de outro tipo de doença e orientação relativamente ao tratamento. Acontece por vezes, no decurso de uma análise de urina de rotina, aparecerem bactérias sem qualquer queixa sugestiva de infeção. Neste caso não está indicado o uso de antibióticos, com exceção da mulher grávida.

É possível prevenir?

Recomendam-se algumas medidas, sobretudo em mulheres que tiveram mais de três infeções por ano, nomeadamente maior ingestão de líquidos, não atrasar as micções, limpar de frente para trás após a defecação e urinar imediatamente após relação sexual. Em situações muito específicas pode estar indicado o uso de antibióticos para prevenção. Os produtos à base de “cranberry” naturais não têm evidência que suporte a recomendação.

O tratamento passa inevitavelmente pela toma de antibióticos?

Sim, o tratamento das infeções urinárias sintomáticas requer antibioterapia.

Quais são os principais grupos de risco?

Ser mulher, sendo o risco agravado na menopausa; a diabetes, a litíase (pedra) urinária e a utilização de diafragmas. No homem está associada, sobretudo, à hipertrofia prostática.

As “recidivas” são comuns? Em que casos?

As recidivas são frequentes, sendo maior o risco em mulheres que utilizam antibióticos ou espermicidas e nos casos de alterações anatómicas. O risco é máximo nas pessoas com sondas na bexiga.

Quais os riscos de uma infeção urinária?

As complicações podem ser graves, desde a infeção do rim com perda da sua função, até uma infeção generalizada (sepsis) com grande risco de morte.

(Artigo publicado originalmente no Diretório de Saúde 2019 do RL)

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