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Cultura

Pandemia aumenta preocupações com saúde mental e física dos artistas

O projeto InMusic está a divulgar o trabalho de Ana Zão no campo da Mecidina das Artes Performativas, que ganha ainda mais importância devido aos problemas diretos e indiretos provocados pela Covid-19

Um artista é espírito mas também carne e osso. A pandemia veio deixar isso ainda mais claro, com a suspensão de praticamente toda a atividade do sector a fazer-se sentir: na pele, na cabeça e também no bolso de muitos músicos, atores, pintores, bailarinos e outros intérpretes e criadores.

Mesmo sem pandemia, a condição física e psicológica dos artistas é muitas vezes esquecida, a começar pelos próprios. “Existe um medo de falar, medo de pedir ajuda”, explica Mickael Faustino, músico de Leiria.

O trompista e promotor do projeto de divulgação InMusic admite o quão difícil é “falar e admitir” problemas e necessidades entre músicos.

“Precisamos de nos cuidar. Eu próprio só comecei a ter cuidados quando o corpo não dava mais”, reconhece Mickael. Por isso, e pela situação crítica atual, está a promover através de InMusic o trabalho da especialista em medicina das artes performativas, Ana Zão. “As consequências desta pandemia a nível psicológico serão imensas. Convém termos já cuidados”, frisa o músico.

A diretora do Centro Internacional de Medicina das Artes, no Instituto CUF (Porto), Ana Zão salienta ser “importante que os artistas não desmotivem nesta fase de pandemia”, devendo encarar este período como “uma oportunidade de rever alguns aspetos da prática artística e planear um estudo mais regular e estruturado”, habitualmente difícil de articular com agendas sobrecarregadas por ensaios, concertos, audições e concursos.

Ana Zão sabe do que fala: além de médica é também pianista e mostra-se preocupada com “os riscos da retoma artística intempestiva após confinamento”.

Quando terminar a pandemia, “um aumento abrupto das exigências físicas, psíquicas e técnicas” potencia o desenvolvimento e problemas, “sobretudo neuromusculosqueléticos e de saúde mental”.

Por outro lado, voltar aos palcos depois desta ausência prolongada pode “induzir níveis exacerbados de ansiedade e stress”.

O cenário atual é sobretudo preocupante para a saúde mental, nomeadamente o risco de depressão, pela frustração por “não poder desempenhar a sua atividade laboral como planeado, a ansiedade em relação ao futuro e em relação a projetos que ficaram suspensos, etc”.

Para Ana Zão, é fundamental que qualquer músico “mantenha uma atividade artística regular, mesmo que dentro do seu lar”. E no meio da tempestade, é preciso encontrar o “copo meio cheio”:

“Felizmente hoje dispomos de meios e plataformas digitais que permitem obviar o distanciamento e facilitam a partilha da cultura”.

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