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Fabricante de facas ICEL investe quase quatro milhões de euros em automação e robotização

A empresa familiar, sedeada na Benedita, foi fundada em 1945. Emprega atualmente 177 trabalhadores e produz três milhões de peças por ano

O fabricante de facas ICEL – Indústria de Cutelarias da Estremadura, com sede na Benedita, concelho de Alcobaça, vai investir 1,7 milhões de euros este ano, a que se somam 2,2 milhões em 2020, prosseguindo a aposta em acrescentar tecnologia e capacidade de produção, sem perder empregos.

Em declarações à Lusa, o presidente da empresa, Nuno Radamanto, disse que os novos investimentos “vão acrescentar tecnologia e capacidade de produção, sem perda de empregos”, mas “sem a admissão de pessoal no mesmo volume que era necessário anteriormente”.

A empresa foi criada a partir de uma oficina familiar, com sede em Ribafria. A mudança de instalações para a Benedita aconteceu em 1966 Fotos: ICEL

“Tudo o que podemos automatizar e robotizar e em que se prevê que há mais constância da qualidade, nós fazemos”, embora o “tipo de produto fabricado” e o “nível de qualidade no acabamento” faz com que “a mão de obra seja indispensável”, acrescentou.

A empresa familiar, que já vai na terceira geração, foi fundada em 1945 e, desde cedo, investiu num “crescimento estratégico e sustentado”, sendo que desde 1973 começou a exportar, fazendo-o agora para 80 países.

“Tirando um tipo de facas puramente injetadas, todas as outras têm à mesma operações manuais de aperfeiçoamento e de acabamento associadas”, disse o gestor.

No fundo, à medida em que a ICEL vai crescendo em dimensão na faturação, “vai ter sempre de crescer no efetivo humano”, embora o equipamento que “está a vir não exija tantas pessoas como antigamente”, disse o gestor da empresa com 177 trabalhadores.

Quanto à crise da Covid-19, explicou que a ICEL acabou por “tentar fazer coisas diferentes”, do que fez na crise de 2008, para enfrentar o desafio, pois já exportava. “Era algo que para nós já era basilar. E já era o principal ponto da atividade”, realçou, adiantando que a crise pandémica foi também diferente porque a ICEL está “intimamente ligada” ao setor da hotelaria e restauração, que parou.

Para a ICEL, o impacto inicial da pandemia foi “muito significativo”, sobretudo no primeiro confinamento, em meados de março de 2020, e em que teve uns primeiros dois a três meses “quase assustadores”.

Então, a ICEL percebeu que o consumo doméstico de facas, tanto no mercado interno como no externo, tinha de aumentar, pois as pessoas passavam mais tempo em casa e tinham de preparar a comida mais vezes do que era habitual e essa foi uma das primeiras apostas da empresa em direcionar o negócio para os clientes que vendiam ao consumidor final e não para os que vendiam à hotelaria e restauração.

“Notámos um incremento em produtos que, sendo de qualidade, não são aquilo que um profissional usa, mas que são bons para o uso doméstico, embora não suficientemente posicionados para o uso intensivo”, explicou ainda o gestor, lembrando que identificaram que, quer seja na origem, nos matadouros, quer seja à chegada aos talhos individuais ou talhos de supermercado, o consumo de facas ia aumentar”.

No fundo, aquilo que a ICEL teve de quebra nos produtos de hotelaria e restauração em dois meses e meio de 2020, a partir de junho desse ano começou a “recuperar rapidamente” e acabou o final desse ano por “ser superado pelo crescimento nos outros tipos de produtos”, salientou o gestor.

Além disso, as dificuldades logísticas com o “crescimento exponencial” neste último ano e meio nos preços dos transportes está a fazer com que mais clientes que começaram a subcontratar na Ásia voltassem a procurar produção europeia.

Curiosamente, a “surpresa deste ano”, revelou à Lusa, é que a empresa estava com um volume de negócios nos primeiros dias de agosto “superior em 40% ao observado no período homólogo de 2020”.

A ICEL terminou 2020 com uma queda nas vendas de 13%, para 7,7 milhões de euros, tendo tido lucro, cujo valor o gestor não divulgou. “É algo muito motivador” e que “não esperávamos”, garantiu o gestor, apontando para uma faturação na ordem dos nove milhões de euros este ano, ficando “muito perto” dos últimos melhores anos que foram os pré-Covid-19.

“É um exercício arriscado se olharmos para os anos pré-Covid, mas se o ritmo se mantiver até ao final deste ano – tendo por base os números do início de agosto –, terminaremos com um volume de negócios superior em 30 a 35% ao do ano anterior”, disse à agência Lusa Nuno Radamanto, presidente da empresa portuguesa.

Caso se mantenha “tudo constante”, o gestor espera ficar “muito perto ou ultrapassar” aquilo que foram os melhores anos da ICEL, os últimos três a quatro anos pré-Covid.

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