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Cultura

BE e PSD responsabilizam executivo de Leiria pela exclusão à corrida a Capital Europeia da Cultura

Os dois partidos pedem contas do valor gasto na “candidatura fracassada”.

Joaquim Dâmaso

“Uma derrota política do executivo” socialista à frente da Câmara de Leiria. É desta forma que a concelhia do Bloco de Esquerda (BE) classifica a eliminação na corrida a Capital Europeia da Cultura.

Em nota de imprensa enviada ontem, segunda-feira, o BE refere que “depois de ter feito bandeira eleitoral de uma candidatura, que agora se revelou insuficiente, apenas se pode concluir que a eliminação da seleção para Capital Europeia da Cultura diz muito pouco sobre a massa cultural leiriense, mas muito sobre a estratégia falhada do executivo camarário. Esta eliminação é, de forma inquestionável, uma derrota política do executivo”.

Foi com “bastante desilusão” que o BE diz ter recebido a decisão do júri que excluiu Leiria da seleção para Capital Europeia da Cultura 2027, conhecida no passado dia 11 de março.

Na mesma nota, o partido adianta que “importa agora refletir no caminho e na estratégia que têm vindo a ser tomados pelo executivo do Partido Socialista”, sendo que “este fracasso é sintomático da falta de perspetiva e desorientação da estratégia cultural em Leiria”, lê-se ainda no comunicado.

Entende o BE que, “na sequência deste clamoroso falhanço, deve o presidente da câmara prestar contas aos munícipes. Isto deverá incluir uma demonstração discriminada dos montantes gastos e de que forma ajudaram (ou não) a solidificar uma base de estratégia para o desenvolvimento da cultura no município de Leiria”.

O BE informou ainda que irá, “através dos meios próprios, solicitar toda a informação necessária ao município por forma a promover uma discussão pública e esclarecida sobre as razões que levaram a este afastamento precoce” da candidatura de Leiria, “tendo em vista o eventual aproveitamento futuro do ‘capital’ humano e financeiro investido”.

Para o BE, a cultura “não é nem pode ser, como aliás se confirma agora, uma bandeira cuja única utilidade é ser agitada em período eleitoral”.

“A cultura faz-se todos os dias, os profissionais que a fazem devem ser valorizados com progressões nas carreiras e vínculos estáveis e a democratização ao seu acesso deve ser um desígnio inquestionável em qualquer altura do mandato”.

Comitiva de Leiria que apresentou em Lisboa o livro de candidatura “Curar o comum”

PSD pede contas do valor total gasto pelo município de Leiria na candidatura

Também o PSD responsabiliza o executivo de Leiria e, em particular, o seu líder, do “fracasso” da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura.

Em nota de imprensa enviada esta segunda-feira, a Comissão Política Concelhia de Leiria do PSD “lamenta a não passagem de Leiria à fase de seleção final a Capital Europeia da Cultura em 2027” e considera que “o fracasso tem de ser imputado em primeiro lugar ao sr. presidente da câmara municipal de Leiria pelas opções estratégicas erradas que tomou”.

Na mesma nota, o PSD refere “que é hora de repensar a continuidade da ‘Rede Cultura 27’ tal como idealizada”.

Para os sociais-democratas, a “exclusão da candidatura de Leiria da fase de seleção final a Capital Europeia da Cultura em 2027, veio revelar o erro por uma opção estratégica que se disse ser diferenciadora, e à qual se apelidou ‘Rede Cultura 27’”.

“Com o chumbo de Leiria a Capital Europeia da Cultura ficou claro que a candidatura não correspondia aos objetivos gerais, específicos e operacionais de salvaguardar e promover a diversidade de culturas na Europa, realçar os aspetos comuns que partilham, aumentar o sentimento de pertença dos cidadãos a um espaço cultural comum e fomentar a contribuição da cultura para o desenvolvimento a longo prazo das cidades”, acrescentou.

Ou seja, para o PSD, não houve “contribuição para a estratégia de longo prazo”, uma candidatura com “dimensão europeia”, nem se verificou “conteúdo cultural e artístico”, “capacidade de execução”, “alcance” e “gestão”.

“Nenhum leiriense pode estar feliz pelo fracasso. Não pode servir de consolação dizer que se vai continuar com o projeto mesmo sem o título de Capital Europeia da Cultura. E o financiamento de onde vem?”, questionam os sociais-democratas.

A Comissão Política de Secção de Leiria do PSD entende que os leirienses “precisam de ser cabalmente informados de qual o valor total gasto pelo município de Leiria com esta fracassada candidatura, bem como da contribuição monetária de cada um dos municípios parceiros”.

“A cultura em Leiria não deve ser corporizada em projetos megalómanos e não exequíveis. Não se deve cingir ao circo mediático e propagandístico da Câmara Municipal de Leiria. O desenvolvimento cultural de Leiria deve ter por base primordial o seu território, das suas pessoas para as suas pessoas”, rematou o presidente da Comissão Política do PSD Leiria, José Augusto Santos.

Após ter tomado conhecimento da eliminação de Leiria, o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes afirmou que este resultado “em nada compromete a aposta na cultura como alavanca estratégica para o desenvolvimento da região”, tendo afirmado que o território “está agora mais unido do que nunca”.

As cidades de Ponta Delgada, Braga, Aveiro e Évora são as finalistas a Capital Europeia da Cultura em 2027.

Estas quatro cidades foram escolhidas entre 12 municípios que apresentaram uma candidatura e passam para a fase final do processo de candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027.

Foram submetidas candidaturas por Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Oeiras, Ponta Delgada, Viana do Castelo e Vila Real.

A candidatura de Leiria envolveu 26 municípios das comunidades intermunicipais de Leiria, Oeste e Médio Tejo, os politécnicos de Leiria e de Tomar, a associação empresarial de Leiria e a Diocese de Leiria-Fátima.

Com Lusa

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