A Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria alerta para as “repercussões brutais” do aumento do custo dos combustíveis nas corporações e exige medidas urgentes, sobretudo a atualização das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para transportar doentes.
Numa moção aprovada por unanimidade na segunda-feira, em assembleia geral realizada na Maceira, concelho de Leiria, a Federação, que representa 25 corpos de bombeiros, refere que “o preço do quilómetro pago pelo SNS não é atualizado” desde 2012, então fixado em 0,51 euros/quilómetro.
Nesse ano, o preço do gasóleo era de 1,499 euros/litro, sendo hoje de 2,18 euros/litro, “representando um acréscimo de mais de 45%”, lê-se na moção.
“O salário mínimo nacional em 2012 era de 485 euros, sendo hoje de 705 euros, ou seja, mais de 45% de aumento”, nota a Federação.
Assinalando que nos dois últimos anos, em que o país foi assolado pela pandemia de Covid-19, “não houve qualquer diferenciação positiva por parte do Governo, no sentido de minimizar o seu impacto na vida das associações”, o documento sustenta que tal desconsidera, “de forma inaceitável, a nobre missão que, diariamente, chega a casa de milhares de portugueses”.
Por outro lado, aponta “a falta de respeito e de boas práticas de gestão, evidenciadas pelas diversas entidades públicas” com que as corporações se relacionam, “como se comprova pelo atraso na regularização dos pagamentos, que chegam a atingir mais de 120 dias”.
Lembrando que, até ao momento, “ainda não são conhecidas quaisquer medidas de apoio às associações humanitárias no sentido de mitigar esta situação crítica”, a moção observa que estas associações “empregam milhares de pessoas, devendo garantir as suas responsabilidades salariais todos os meses”.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>“A não existirem medidas compensatórias para este momento crítico, altamente influenciado pela situação de Guerra na Ucrânia”, haverá, no curto prazo, muitas corporações “a ponderar suspender a sua atividade de transporte de doentes, com as consequências gravosas para tanta gente que recorre aos bombeiros”, adianta.
A Federação, que espera que a próxima diretiva financeira do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais tenha em consideração o atual preço dos combustíveis, manifestou o apoio ao Conselho Diretivo da Liga dos Bombeiros Portugueses “na decisão de continuar, com caráter de urgência, as negociações com o Governo”, para “minimizar esta situação aflitiva”.
Exigindo “medidas urgentes, designadamente a atualização das comparticipações do SNS para o transporte de doentes”, e “a regularização dos pagamentos mensais, em tempo, às associações humanitárias” por parte das entidades públicas, a moção manifesta ao Conselho Executivo da Liga total solidariedade e apoio “a eventuais medidas a tomar, no sentido de garantir a justiça devida para com os bombeiros”.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria, Rui Rocha, salienta que é de “grande preocupação” e de “grande incerteza” a capacidade que “algumas associações possam vir a ter no futuro para continuar a prestar um conjunto de serviços face às tendências a que se vão assistindo nestas últimas semanas”.
“Se se mantiver durante muito tempo esta tendência [aumento do preço dos combustíveis], estou certo de que haverá associações que vão, com certeza, até ponderar manter esta atividade de transporte de doentes, porque de facto ela poder-se-á rapidamente tornar deficitária e isso não é bom”, avisa Rui Rocha.
Considerando que é bom ouvir-se “dos governantes palavras simpáticas sobre aquilo que é o papel dos bombeiros e das bombeiras em Portugal e deste enorme e importante movimento no país”, o dirigente realça que também era importante que se reconhecesse que as corporações, que prestam serviços de emergência, estão “agora numa situação” preocupante.