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Cultura

De música exploratória se fez exposição – e um livro que estreia a editora da Fade In

A Fade In completou 20 anos em pandemia mas o “desconfinamento” de 2022 traz várias novidades.

Gui Garrido assina a peça que recebe os visitantes no Centro Cívico de Leiria

Em 2021 a Fade In estreou uma nova aventura: o Ciclo de Música Exploratória Portuguesa. Através dele, convocou nomes históricos e projetos emergentes da criação experimental nacional para dez concertos em espaços como a Igreja de São Pedro, Museu de Leiria, Teatro Miguel Franco, Igreja da Misericórdia ou Igreja da Pena. Em todos houve um assistente especial: um artista convidado a criar uma obra de arte original a partir daquela experiência.

O resultado é apresentado em março na sede da Leiria Cidade Criativa da Música, no Centro Cívico de Leiria, na exposição “10 artistas emissores 10 artistas recetores”. Ali está escultura, instalação, fotografia, vídeo, pintura, texto e tudo o que suscitou aos dez convidados cada um dos concertos do Ciclo de Música Exploratória Portuguesa. E foram eles Pedro Trindade, Vilma Serrano, Sílvia Patrício, António Palmeira, João Pombeiro, Simão Matos, Pedro Miguel, Paulo Kellerman, Gui Garrido e João Siopa.

Para acompanhar o exercício criativo, a Fade In lança um livro que reúne imagens dos concertos e a explicação dos artistas sobre as sensações que tiveram e de que forma esse processo influenciou as obras que concretizaram.

A edição marca a estreia da editora da Fade In, “Estrutura”, que assim se lança com um livro – mesmo que seja a música a “matéria prima” principal da associação cultural de Leiria.

A inauguração da exposição e o lançamento da publicação conexa serviram, no sábado passado, 26 de fevereiro, para marcar os 20 anos da Fade In, que cumpriu duas décadas de existência em 2021.

“Passaram 20 anos. A primeira intervenção da Fade In em Leiria foi em 2001 e no ano passado celebrámos 20 anos de existência”, lembrou na cerimónia Carlos Matos, presidente da Fade In, lamentando que, devido à pandemia, não tenha sido viável empreender os festivais Entremuralhas, Monitor e Fade In, “o festival mais antigo da associação”.

Porém, foi possível “concretizar um sonho antigo”: o Ciclo de Música Exploratória Portuguesa. “O desafio da drª Anabela Graça [vereadora da Cultura da Câmara de Leiria] para apresentarmos um projeto que permitisse voltar ao ativo” possibilitou “tirar a Fade In da penumbra, porque estávamos há já quase um ano sem fazer nada”.

Entre ideias adiadas, a equipa da Fade In encontrou a de fazer um ciclo dedicado à música experimental portuguesa. “Havia a circunstância ótima para implementarmos um ciclo direcionado a um nicho – e esse nicho não tem nada a ver com uma pretensão elitista, mas com o interesse das pessoas em descobrir coisas”, frisou Carlos Matos.

É que “nem todas as pessoas têm esta abertura ao diferente, às coisas que não são vigentes, que não são mainstream. Por isso é que, por vezes, estes concertos têm afluências muito reduzidas, mas é extraordinariamente importante que eles continuem a acontecer”. Isto porque, eventos assim “vão deixando ‘sementes’ que vão sendo apanhadas por outras pessoas, que depois vão depositando ‘sementes’ também, e assim sucessivamente”. 

Esse exercício de “sementeira” dá frutos, por exemplo, em “10 artistas emissores 10 artistas recetores”.

“Este ciclo é inquebrável: provavelmente vamos ver algumas peças [da exposição] e vamos sentir-nos inspirados para dar continuidade no ato criativo. Importa aqui a vontade de criar e, sobretudo, a vontade de partilhar. Não há criação sem partilha: todos nós acabamos por ser influenciados por alguma coisa”, afirmou Carlos Matos.  

Os artistas participantes em “10 artistas emissores 10 artistas recetores” e a equipa da associação Fade In

O presidente da Fade In – “um projeto aberto, muito tolerante com todas as formas de arte” – aproveitou a inauguração para, por ocasião das duas décadas de atividade da associação, agradecer a quem fez parte do trajeto até agora percorrido:

“Sinto-me honrado e muito privilegiado por ser a voz deste projeto, do qual sou a cara mais conhecida, mas do qual fazem parte pessoas absolutamente indispensáveis. Sem elas, nada do que possa dizer ou fazer teria sentido. Quero agradecer a todas as pessoas que pertencem à direção da Fade In e a todos os que, ao longo destes 20 anos, passaram pela Fade In, deixando a sua marca, ajudando-nos determinantemente para que tenhamos conseguido levar o barco a bom porto”.

Carlos Matos anunciou ainda a realização da segunda edição do Ciclo de Música Exploratória Portuguesa, a partir de maio e, relativamente ao novo projeto da Fade In, a editora “Estrutura”, avança que a intenção é “colocar no mercado peças de coleção”.

“Todas as edições são edições limitadas. Esta edição [do livro] tem uma tiragem de 75 exemplares. Os discos que virão também serão bastante limitados e serão sempre peças colecionáveis”, disse Carlos Matos, desejando que “venham muitas mais edições ao longo dos anos”.

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