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Marinha Grande

Passado amargo liga Marinha Grande ao Tarrafal mas autarcas querem reforço da cooperação

O Estado Novo não era perdulário na perseguição de quem o desafiava. E a revolta operária na cidade vidreira foi reprimida

José dos Reis e Aurélio Ferreira reunidos nos Paços de Concelho da cidade vidreira

“Campo de Concentração do Tarrafal”, em Cabo Verde, foi o destino de alguns dos participantes no levantamento operário de 18 de janeiro de 1934, na Marinha Grande.

O Estado Novo não era perdulário na perseguição de quem o desafiava. E a revolta operária na cidade vidreira foi reprimida. Alguns tiveram como destino o Tarrafal. Quase nove décadas depois, Tarrafal e Marinha Grande trocam experiências e promovem intercâmbios. São municípios geminados.

Os primeiros contactos com o município do Tarrafal, na Ilha de Santiago tiveram início em 2006, aponta a Câmara da Marinha Grande, com o objetivo do eventual estabelecimento de laços de cooperação, “fundamentados num passado histórico comum na luta contra o regime repressivo e colonial português”.

O protocolo de geminação foi assinado, no Tarrafal, em 15 de janeiro de 2008 e ratificado, na Marinha Grande, três dias depois.

A relação foi revisitada a semana passada. O presidente da Câmara da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, recebeu o presidente da Câmara do Tarrafal, José dos Reis. Objetivo? Fazer “o balanço do que tem sido a geminação entre os dois municípios e para programarem ações futuras”, explica a autarquia da Marinha Grande.

“Esta visita serviu para conhecimento mútuo dos dois autarcas, uma vez que ambos ascenderam a este cargo recentemente, e para a realização de um balanço da relação estabelecida entre as duas autarquias, aproveitando para perspetivar o futuro, com identificação de eventuais parcerias que permitam aprofundar a relação de cooperação”, aponta uma nota da Câmara da Marinha Grande, divulgada esta segunda-feira.

A antiga e amarga memória do Tarrafal como destino durante a ditadura, não foi esquecida.

Aurélio Ferreira apontou para a importância da relação com aquele município de Cabo Verde, “tendo em conta os laços históricos, culturais e emocionais que lhe estão subjacentes e que decorrem das consequências do envolvimento de inúmeros marinhenses na revolta de 18 de janeiro de 1934, que levou à sua prisão e, nalguns casos, à morte, no ‘Campo de Concentração do Tarrafal’, antes do 25 de abril”.

Por sua vez, José dos Reis “evidenciou a importância estratégica desta relação com a Marinha Grande desejando, firmemente, intensificar ações de cooperação em domínios que vão desde a proteção civil, à cultura, à educação ou à formação profissional”, reforça a nota do município da cidade vidreira.

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