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Porto de Mós

Último oleiro de Pedreiras imortalizado em documentário

A arte de trabalhar o barro está a desaparecer um pouco por toda a parte. No concelho de Porto de Mós, o realizador Fábio Oliveira filmou o último oleiro de Pedreiras e o documentário soma várias distinções em festivais internacionais.

Imagem do filme "O último oleiro"
O filme regista o saber-fazer do oleiro José Alves

A história do último oleiro de Pedreiras, José Alves, já chegou a França, Reino Unido, Itália, Turquia, Suécia, Lituânia, Ucrânia, Estados Unidos da América e até à Índia. À boleia do documentário de Fábio Oliveira, “O último oleiro”, sobre o único representante de uma atividade que chegou a envolver cem artesãos, tem viajado por muitos festivais de cinema, colecionando seleções e prémios.

Tudo começou com o hábito de Fábio Oliveira comprar tachos e travessas produzidas por um oleiro da aldeia da sua esposa. Levou-os para o Reino Unido, onde reside atualmente, para que “a minha comida soubesse um pouco a casa”, uma evocação à tradição familiar, de cozinhar em recipientes de barro vermelho.

Numa das visitas à olaria de José Alves, o oleiro lamentou que hoje ninguém quer aprender a sua arte. A partir daí, o realizador decidiu fazer um filme para “honrar esta tradição e a sua arte, documentando o seu trabalho e a história da sua família”.

“Ao produzir este documentário senti que estava a homenagear uma arte que está presente no nosso quotidiano mas está em vias de extinção”, explicou Fábio Oliveira ao REGIÃO DE LEIRIA.

A substituição dos processos manuais pela mecanização faz com o que atividades como a do oleiro de Pedreiras sejam cada vez mais uma raridade. Isso foi um desafio para o realizador de Santo Tirso, que com a ajuda da família da mulher, mergulhou na realidade de Pedreiras.

“O processo de fazer o documentário foi muito interessante, aprendi muito sobre uma arte que não tinha qualquer conhecimento em relação ao seu processo, apesar de utilizarmos os seus produtos diariamente. Foi um grande prazer ter a oportunidade de filmar o José Alves Santos e a sua equipa em ação. Consegui presentear algo que está em vias de extinção e que, possivelmente, num futuro muito próximo, deixará de existir”, diz o realizador.

Fábio Oliveira espera, com este trabalho, motivar alguém a continuar o saber-fazer de José Alves:

“Esperança tenho, nem que seja uma só pessoa. Já terá valido a pena todo este projeto”.

O documentário conta com música de Miss Cat e Rapaz Cão com Joel Madeira, do Rancho Folclórico das Pedreiras e do violinista Nuno Santos.

Depois da estreia no início de novembro na Mostra de Cinema Português “Entre Olhares”, no Cineclube do Barreiro, o filme foi já selecionados para vários festivais internacionais, sendo premiado nos festivais Blackboard, Cannes Shorts, Cotswold, Critic’s Choice e nos Knight of the Reels Awards.

A estreia na região não está ainda agendada, mas segundo Fábio Oliveira há contactos com o município de Porto de Mós para mostrar o filme à população do concelho.


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