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Leiria

Marrazes e Barosa lança abaixo-assinado contra a prospeção e pesquisa de inertes na freguesia

Em causa está o pedido de exploração da empresa Sorgila que irá abranger 76 hectares, afetando a União de Freguesias de Marrazes e Barosa, mas também a freguesia de Amor.

cartaz com mensagem "76 hectares não, obrigado"
Várias lonas espalhadas pela Barosa mostram a oposição da população ao pedido de exploração Joaquim Dâmaso

A União de Freguesias de Marrazes e Barosa e a freguesia de Amor, no concelho de Leiria, lançaram este fim de semana um abaixo-assinado contra a atribuição de direitos de prospeção e pesquisa na Barosa, na sequência de uma sessão de esclarecimento pública onde, no sábado passado, dia 18, participaram centenas de pessoas.

Em causa está a prospeção e pesquisa de depósitos minerais de areias siliciosas e caulino na Barosa que, no entender da população, traz “há vários anos consequências negativas” para as duas freguesias.

Os habitantes da União de Freguesias de Marrazes e Barosa e da freguesia de Amor defendem no abaixo-assinado que os documentos apresentados no âmbito do pedido de atribuição de prospeção e pesquisa – em consulta aberta até 24 de março na plataforma Participa.pt – “não acautelam devidamente os impactos ambientais cumulativos com mais uma exploração ou de um aumento de área de exploração deste tipo de materiais”.

Alertando para “consequências negativas para a saúde pública, qualidade de vida, estabilidade dos ecossistemas, superfície de solo cultivável, produção agrícola e pecuária”, assim como “impactos fortes e graves nos sistemas aquíferos”, a população pede que seja feita uma “análise minuciosa” da autorização desta atividade na Barosa.

Além do abaixo-assinado, que pode ser subscrito junto das autarquias, a população também se está a manifestar com a colocação de lonas em vários pontos da Barosa, alusivas à área de 76 hectares que irá ter a exploração. “76 hectares não, obrigado”, é uma das mensagens que se pode ler.

Faixa contra a exploração de inertes junto à Junta de Freguesia da Barosa Foto: Joaquim Dâmaso

No âmbito da consulta pública, foram já emitidos vários pareceres pelas entidades competentes envolvidas. A maioria é favorável ao pedido de exploração, enquanto a União de Freguesias de Marrazes e Barosa manifesta-se desfavorável desde o início.

Numa primeira instância, a Câmara de Leiria emitiu um “parecer favorável condicionado”, mas após a sessão de esclarecimentos de sábado passado, lançou um comunicado a assumir-se contra a exploração de inertes na Barosa, defendendo que “não existem condições para a sua concretização”.

A autarquia informou ainda que vai enviar uma exposição à Direção-Geral de Energia e Geologia a manifestar à sua oposição.

Área de exploração vai da Barosa a Amor

O pedido de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa foi feito pela empresa leiriense Sorgila – Sociedade de Argilas, S.A., e abrange uma área de 76,06 hectares, entre Cabeças Redondas (na Barosa) e Casalito (em Amor).

A empresa justifica a seleção desta área por estar inserida “numa mancha do Pliocénico” e englobar as chamadas “formações marinhas de Monte Real”, que são “formações sedimentares de grandes massas granulares”, com “elevadas percentagem sílica, em grãos finos e bem rolados”.

Segundo a memória descritiva do pedido, as areias da Barosa “constituem, pelas suas características, uma das melhores ocorrências de areias brancas de Portugal, sendo que a norte da estrada Leiria – Marinha Grande, entre Barosa e Casal do Meio, existem explorações de areias de cor branca, para a indústria cerâmica”.

O plano de trabalhos tem a duração prevista de dois anos e engloba análise de cartografia geológica, colheitas de amostra em taludes, ensaios laboratoriais, levantamentos geológicos, bem como abertura de poços ou valetas para colheita de amostras. O investimento representa mais de 15 mil euros.

“A possível abertura de sanjas e/ou poços será confirmada (quantidade, localização e acessibilidade) em resultado dos trabalhos de prospeção e reconhecimento geral previstos para a fase inicial do projeto (1º. ano)”, explica a empresa, na memória descritiva completa.

Recorde-se que também no ano passado foram criadas petições e um grupo de trabalho para impedir a exploração de inertes em Fonte Cova.


Secção de comentários

  • Felipe Horn disse:

    A população diz NÃO!
    Já temos uma lixeira / aterro de enormes proporções. A Barosa já possui uma exploração de areia iniciada por outra empresa e que já não se vê mais movimentação alguma. Sabem como o local está? Simplesmente ao abandono, sem nenhuma reestruturação. Um buraco gigante ao lado de casas.

  • João Canto disse:

    A população diz NÃO!
    Já somos afetados por uma exploração e pela lixeira! A Barosa não é a zona de Leiria para cavar buracos e depositar o lixo.
    Esta exploração irá acartar consequências negativas a curto, médio e longo prazo, não só para os habitantes como para todos os Leirienses. A nossa geração e futuras gerações vão ser severamente afetadas.
    Essa zona da Barosa é um pulmão de Leiria, alberga diversas espécies animais e vegetais, é uma zona de natureza cuidada e oferece aos habitantes e a quem nos visita um espaço de laser e cultural.
    A destruição desta área florestal causará inúmeros impactos negativos, tais como, eliminação de varias espécies animais, contaminação dos solos e cursos de água, redução do turismo e atividades de laser ao ar livre na zona, poluição sonora, poluição ambiental (poeiras, fumos etc.), degradação da saúde dos habitantes, aumento do stress dos habitantes, destruição/desgaste acentuado das únicas estradas de acesso comuns à população, desvalorização da zona, entre muitos outros.
    Será um crime se esta exploração avançar e o povo não ficará de braços cruzados.

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