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Cultura

Diretor do Mosteiro da Batalha pede fim de trânsito de pesados à frente do monumento

Para Joaquim Ruivo, o tráfego constante a poucos metros é “o maior problema que enfrenta” o monumento.

O diretor do Mosteiro da Batalha, Joaquim Ruivo, defende que os veículos pesados devem ser impedidos de transitar no IC2 para diminuir as emissões que comprometem as fachadas daquele monumento Património Mundial da Humanidade.

Neste mês de dezembro completam-se 40 anos sobre a atribuição pela UNESCO da classificação ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mandado construir por D. João I na Batalha.

Apesar disso, mantém-se a principal ameaça à integridade do monumento: “O trânsito no IC2, maioritariamente de pesados”, aponta Joaquim Ruivo.

O tráfego constante a poucos metros é “o maior problema que enfrenta” o Mosteiro. Além de “uma agressão à paisagem patrimonial”, minimizada com um muro em 2018, é-o, “sobretudo, pela carga de gases poluentes que, naturalmente, se vão acumulando nas fachadas do monumento”, afirma à agência Lusa.

O responsável recorda estudos do engenheiro e professor catedrático do Instituto Superior Técnico Luís Aires-Barros, que em 2001 “já chamava a atenção para a perda que o monumento revelava da pátina alaranjada”, comum “nos ambientes antigos mediterrânicos”.

“A sua substituição pela pátina enegrecida revela a progressiva e consistente deposição de gases poluentes nas fachadas do monumento”, nota.

A alternativa passa por medidas como “isentar os carros pesados de portagem na A19, impedindo a sua passagem no IC2 a 50 metros do monumento”, o que será determinante para “preservar a saúde” do mosteiro.

Entretanto, o Mosteiro prepara-se para receber em 2024 melhorias no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Já em janeiro de 2024 terão início trabalhos de tratamento e reabilitação dos telhados da Sala do Capítulo.

No primeiro trimestre de 2024 avançam empreitadas relativas à limpeza e tratamento da pedra e elementos pétreos das fachadas interiores e exteriores das Capelas Imperfeitas e de reabilitação dos jardins do Claustro Real.

Até ao final de junho espera-se a requalificação da instalação elétrica interior, com remoção do Posto de Transformação e, ao longo de 2024, será instalada a rede wi-fi no circuito de visitas e projetos multimédia relacionados com realidade aumentada e sistemas de leitura com QR Code e georreferenciação.

Ainda para o futuro, o diretor gostaria que a constituição da entidade pública empresarial Museus e Monumentos de Portugal – que inicia funções no primeiro dia de 2024 -, permitisse “mais recursos para o monumento”, correspondentes às receitas geradas na Batalha.

Essas verbas são necessárias para a programação cultural, mas, sobretudo, para a conservação preventiva, procurando que o monumento “seja exemplar sob o ponto de vista da conservação e reabilitação”.

O diretor espera ainda que o novo Quadro Comunitário de Apoio contemple um conjunto de obras, como “a limpeza integral das fachadas do monumento”, e também de reabilitação e requalificação do auditório, piso superior do Claustro Afonso V, biblioteca, centro de documentação, elevador ou novos sanitários.

Em 40 anos de classificação UNESCO, o Mosteiro granjeou “reconhecimento internacional como obra-prima absoluta da arte gótica”.

Apenas ultrapassado pelo Mosteiro dos Jerónimos e pela Torre de Belém, o Mosteiro da Batalha é o terceiro monumento mais procurado a nível nacional, sendo “lugar de visita, quase obrigatório, no contexto do grande circuito turístico internacional”. Ao mesmo tempo, mantém “estreita ligação com a comunidade envolvente”, assumindo-se como “importante contributo na dinâmica cultural e científica” nacional, conclui o diretor.


Secção de comentários

  • VP disse:

    “A alternativa passa por medidas como “isentar os carros pesados de portagem na A19, impedindo a sua passagem no IC2 a 50 metros do monumento”, o que será determinante para “preservar a saúde” do mosteiro”.
    Esta opção parece tão sensata que dificilmente verá a luz do dia. Muito simples, muito obviamente lógico, muito fácil de implementar. A isenção de portagens na A19 para os camiões representa “ovo de Colombo” para a solução de um problema que ao longo do tempo custará muito, muito mais do que a não cobrança de portagens aos camiões. Por um lado falamos de “sustentabilidade” como se fosse “o único tema” necessário para a vida das próximas gerações e por outro não conseguimos identificar uma solução para um problema real como este. Um problema cuja solução é de extrema importância para a conservação de um monumento classificado há 40 anos como “Património Mundial da Humanidade” pela UNESCO mas que não parece atrair a atenção suficiente de quem o deveria resolver.
    Gostaria também de salientar que as portagens produzidas pela A19, hoje pouco utilizada pelos veículos automóveis, teriam dificuldade em pagar o café dos responsáveis ​​pela sua manutenção e por isso acredito realmente que a isenção dos camiões não produziria um prejuízo significativo.
    O que você está esperando, siga em frente e finalmente faça algo de que possa se orgulhar. Em tempos como estes, abandonados à loucura das guerras, tal resultado seria como uma nova carícia numa testa febril… e talvez não só…

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