Cerca de 900 pessoas subscreveram uma petição para reclamar à tutela a inclusão urgente da vacina contra a zona no Programa Nacional de Vacinação, de modo a garantir a proteção da população elegível. A doença, referem os signatários, é uma doença que resulta da reativação do vírus varicela-zoster e que “afeta uma em cada três pessoas”.
Lançada a 20 de março, a petição pública online “Pela proteção contra a zona: menos iniquidade, mais sustentabilidade para o SNS” foi criada pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), e conta com o apoio de seis associações de doentes, entre as quais a PSOPortugal – Associação Portuguesa da Psoríase, Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas, Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), Grupo de Ativistas em Tratamentos e Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), entidades que “têm reforçado publicamente a importância da vacinação contra o Herpes Zoster”.
“Infelizmente, apesar deste consenso científico generalizado, a vacina continua sem regime de comparticipação, nem inclusão no Programa Nacional de Vacinação (PNV). Apenas quem tem recursos financeiros pode adquiri-la, deixando muitos cidadãos vulneráveis sem acesso a uma solução preventiva eficaz”, destacam os peticionários, referindo “múltiplos apelos” anteriores feitos ao Governo, ao Parlamento e à Direção-Geral da Saúde, “sem qualquer resposta concreta”.
62.985
Num ano, 62.985 pessoas foram diagnosticadas com zona, tendo necessitado de cuidados de saúde. Segundo os peticionários, além do impacto para a saúde, a doença acarreta custos económicos significativos, que estimam em cerca de 10,2 milhões de euros por ano. Este montante inclui “custos diretos de 7,2 milhões de euros” e custos indiretos relacionados com “o absentismo laboral causado pela doença”, e cujo impacto ultrapassa 2,4 milhões de euros.
Argumentando existirem estudos que comprovam que a vacina “oferece proteção eficaz por, pelo menos, 11 anos, ao contrário de outras vacinas incluídas no PNV que exigem revacinação mais frequente”, o documento refere que a vacina já está integrada nos programas nacionais de 13 países europeus, sendo recomendada em 19.
Os signatários alertam ainda para “o impacto económico significativo” da doença, sendo o encargo anual estimado em cerca de 10 milhões de euros entre custos diretos e indiretos, e dão conta de que num ano, entre julho de 2023 e junho de 2024, foram diagnosticados 62.985 adultos que “recorreram ao sistema de saúde na sequência de um episódio de zona”.
Já em comunicado, os promotores da petição sublinham que se aguarda a inclusão da vacina contra a zona no PNV há mais de um, acusando a tutela de manter “a prevenção como um privilégio de quem pode pagar” e de “discriminação económica num país que tem como pilar a equidade no acesso à saúde”.
“É urgente o investimento na prevenção”, reiteram, defendendo que os doentes e a saúde dos portugueses “não podem ficar para trás”.